segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

RECIFE AO RIO DE JANEIRO (ANGRA)

Dia 14/11/2010, voltei a Recife para trazer o barco para Angra, cheguei ao Cabanga às 11 horas da manhã, comecei a preparar o barco para no dia seguinte sair rumo a Salvador na primeira maré. As 10.30 do dia 15/11, segui meu rumo, 400 milhas na minha proa. Naveguei em orça apertada calçado no motor com ventos de 15 a 20 nós, até as 17 horas, o vento torceu um pouco, comecei a velejar. À noite o vento torce mais, agora traves, sigo velejando muito confortável a 18 milhas da costa, apesar do grande movimento de pesqueiros e navios. O primeiro dia foi só lanche e frutas. Às 10.30 horas faço o balanço das primeiras 24 horas, naveguei 154 Milhas. Consegui dormir com o despertador acordando a cada vinte minutos. Amanheceu, o vento rondou para três quarto e diminuiu agora 5 a 7 nós, vou ajudando no motor. Dia bonito ensolarado e muito quente, ao meio dia fiz almoço simples, arroz com lingüiça. À tarde o vento voltou, velejando de novo, aproveito durmo um pouco, depois vou para a leitura, estou lendo o livro O MELHOR ANO DE NOSSAS VIDAS. À noite o vento cai quase zerando, encontro uma corrente contra. Com todos os panos em cima calçado no motor, sigo navegando. Às 10.30 Horas fecho a cingradura das ultimas 24 horas, 143 milhas. Neste terceiro dia o vento continua a favor mas fraco até Salvador. Estou sem luz de navegação, vou consertar quando chegar ao CNB. Em frente ao farol da Barra, alguém me xinga no radio por eu estar sem luz de navegação, mesmo estando com uma lanterna na mão e um strobo manual sempre sinalizando. Acho que o cidadão não sabe que possa queimar em viagem, talvez ele queira que eu suba no mastro a noite navegando para o conserto. Chamei no radio o CNB, avisando da minha chegada, os guardas me ajudaram a atracar. Dia 18/11, as 1.30 da madrugada com 408 milhas desde Recife. O CNB estava murcho, ninguém conhecido só barco de gringo. É muito bom estar no CNB, mas com os amigos que sempre encontramos aqui, na ida para recife havia uns vinte barco conhecidos, estava muito bom. Na sexta feira chegou um barco Brasileiro, do Rio de Janeiro, veleiro Bom Free, no comando estava o André Freitas e o amigo Julio (Juba) da web TV, esportes radicais WWW.actionbrasil.tv muito legal vale apena acessar. Minha tentativa de sair domingo fracassou, tive que retornar. Saí às 16 horas, fui ao Bahia Marina para abastecer, e às 17 horas com vento de traves de 20 nós corrente favorável de 2 nós, tomei meu rumo, uma maravilha, mas o piloto insistia em entrar em Stand by, o que há com o Toni Tornado sempre gostou de timonear! Naveguei oito milhas e retornei, pois sem piloto e uma navegada em Solitário de cinco dias seria muito puxado. Liguei para o Douglas que trabalhou no meu Barco instalando um novo equipamento, marcamos para as seis horas do dia seguinte para averiguar o problema. No retorno fazendo uma retrospectiva do que aviamos feito, matei a charada, liguei de novo ao Douglas falando o que eu achava que poderia ser. As 20.30 cheguei ao CNB. Tomei um banho fiz um lanche e fui dormir, mesmo sabendo que o horário marcado não seria cumprido, pois estamos na Bahia, e aqui é sem estresse, acordei as 5.30. As 7.30 chega o Douglas, e as minhas suspeitas se confirmaram, ao passar inúmeros fios no armário do Painel, afrouxou o cabo do barramento que vem das baterias para o painel elétrico. Só custei a perceber que era problema de alimentação porque meu termômetro é a geladeira que está direto nos bancos, e ela não parou de funcionar. Quando o piloto exigia mais carga ele desarmava. Tudo resolvido agradeci ao Douglas e me despedi As 8.30 horário da Bahia, dia 22/11, sai rumo ao Rio de Janeiro (Angra). A motor e com a grande e genoa em cima, vento em orça. Duas horas mais tarde o vento aumentou e deu uma torcida melhorando, agora é só velejando. Ao meio dia esquento o que sobrou do dia anterior. A tarde melhorou, o vento agora é través. Meu primeiro ponto é traves de Belmonte. Vou abrindo distancia da costa. À noite o vento é de popa de 15 a 18 nós. Sigo em asa de pombo. Amanhece vai ser um belo dia de sol, dormi muito bem, pouco movimento nenhum pesqueiro, que maravilha. Meu balanço das primeiras 24 horas, 166 milhas. Sempre em asa de pombo, aproveito o dia para tirar uns cochilos, o novo Radar esta funcionando muito bem, apesar de eu estar em fase de adaptação, pois o outro modelo muda muito as funções, mas estou me saindo bem. Meu almoço hoje pizza, não estou a fim de encarar a cozinha, estou com dor de cabeça, está me incomodando um pouco, talvez seja o calor ou o sol em excesso que peguei em Salvador, tomei um banho frio tomo um comprimido, fico horas sentado na roda de leme, sentindo o vento bater nas costas, muito confortável. Ao anoitecer melhoro. Janto os três pedaços de pizza que sobrou do almoço. O vento diminui um pouco, mas ainda consigo andar a seis nós, também vem uma chuva fina, durmo um pouco, logo toca o alarme do radar. Desta vez pesqueiros pela proximidade de Abrolhos. As 5.30 horas da manhã, passo no traves de Abrolhos ainda com chuva fina, consigo ver as Ilhas e o farol, não chamei o radio farol pois era muito cedo, e as previsões que tinha estava tranqüilo, no meu caminho ainda teria o Rio Doce ou Vitória para arribar se fosse o caso. Marquei meu próximo ponto para o través do Rio Doce. O vento aumenta, continuo em asa de pombo, vento de 18 a 20 nós velocidade oito nós. Nestas 24 Horas naveguei 169 milhas. Ao meio dia faço um almoço que posso considerar o pior que saiu na cozinha do Entre Pólos, Carne assada no forno, em Salvador comprei contrafilé, de bela aparência. As aparências enganam, acho que este boi deve ter subido as escadarias do Bonfim muitas vezes, pois nunca tive a oportunidade de comer uma carne tão dura. O céu escureceu muito, o bicho vai pegar, preparo tudo para não ter surpresa, vela Grande no segundo riso, bem na hora, mais chuva e vento, começa a relampear, enrolo um pouco a genoa, e o tempo aperta mais, recolho toda a genoa, e continuo voando baixo, a visibilidade diminui muito. Sigo nestas condições por duas horas mais ou menos, dou uma revisada na grande e vejo duas talas saindo da bolça, e a capa da vela com um rasgo de uns trinta centímetros na ponta da retranca. Quando fiz o rizo não vi que a adriça na hora de caçar, passou por traz do tubo de alumínio que mantém a capa armada, não tem outro jeito, tenho que baixar a grande. Liguei o motor aproei no vento, e uma tala a maior saiu voando, já era. Botei o barco no rumo abri um pedaço da genoa sempre com pau de spi e segui navegando. A noite a Vitória Radio da o aviso de vento forte na área DELTA, força 5 a 7 ventos de NE a NW, valido até as 22 horas do dia 25/11, dia seguinte. Acho que o aviso veio atrasado, pois o bicho tava pegando desde o meio dia. Toda a noite foi só de grande meia enrolada, e tome vento e chuva. Amanheceu, consegui dar uns cochilos, tomo café as 8.30 tiro a singradura, 156 Milhas, vento agora diminuiu 18 a 20 nos, abro toda a genoa. Um navio vem em minha rota pela popa, fico atento para manobrar mas a duas milhas é ele quem manobra, desviando e passando a meia milha do Entre Pólos. O vento aperta, enrolo a metade da genoa, 25, 28, 30 nos, e tome chuva. Vou para a cabine deito no sofá, procuro sinal na TV e consigo, mas só tem porcaria, dou uma cochilada e acordo na hora do almoço. Faço up grade na sobra do dia anterior, consegui fazer um milagre na carne da Bahia, ficou razoável nem os peixes comem, pois não sobrou! O vento volta para os vinte nós e sem rajada, a chuva também diminui um pouco, abro toda a genoa. À tarde o vento vem para 15 nós, abro a trinqueta em asa de pombo assim deixo a vela grande guardada na capa. De noite a chuva para, quanto mais me aproximo do São Tomé mais pesqueiro, tive que desviar 30 graus para não subir na rede, pois quando eu estava perto o pesqueiro apontou a rede com o farolete. A noite vai ser difícil de dormir. Contornei o banco São Tomé as 23.30, tirei o pau de spi, seguindo em um través com vento de 15 nós. O movimento de pesqueiros diminui, ou fico fora da rota deles, pois há no meu través de BE, varias luzes. As duas e trinta da madrugada acordo com o barco quase parando, o vento agora com 10 a 12 nós é quase na cara. Recolho a genoa e sigo a motor. Sempre com vento na cara, às vezes aumenta para 15 nós, mas o mar esta calmo com ondas baixas, o motor rende bem, tiro a singradura 165 milhas. Meio dia pizzaria do entre Pólos abre os trabalhos. Às duas horas faço o farol de Cabo Frio, consigo orça apertada, mas com vento fraco ajudo no motor. Vou abrindo em um rumo que deixo as ilhas rasa e Redonda a meu Boreste. Começo meus turnos de cochilo, pois sei que de noite vai ser difícil, vou passar perto de muitas Ilhas e pesqueiros, alem de navios em frente ao Rio de janeiro. Passo em frente ao Rio às 23.30 Horas, por dormir muito pouco quase não consigo ficar acordado, por varias vezes molho a cabeça e o rosto com o chuveirinho de popa, tenho que ficar em pé ou sentado, se encostar a cabeça durmo. Resolvo cetar o alarme do Radar de três milhas para seis, pois estando no modo temporizado, ele rastreia a cada cinco minutos, quando começa a rastrear pega a orla do Rio, e soa o alarme que só para se eu descer até ele na mesa de navegação, e apertar o botão confirmando. Assim a cada cinco minutos eu descia para confirmar, era só encostar a cabeça que dormia entre cada soar do alarme. Às 7 horas entro na Bahia da Ilha Grande, cansado e com dor nas pernas de tanto descer a escada do barco, para apertar o botão do Radar. Com a ansiedade de chegar ao Sitio Forte o sono passou, desliguei o alarme e pude ficar sentado com a cabeça encostada para descansar. Sempre uso o relógio despertador, mas pelo cansaço não quis arriscar, pois ele toca e para quanto acaba o tempo, e eu estava muito perto da costa, não poderia entrar em sono profundo. Cheguei ao Sitio forte às 10 Horas do dia 27/11, nas ultimas 25 horas naveguei 177 Milhas em um total de 833 desde Salvador, cinco dias e uma hora. Empolgado esqueci o cansaço e comecei a faina, organizei o interior limpei a cozinha, lavei o banheiro com água quente aproveitando para tomar um bom banho. Resolvi fazer almoço, ainda tenho aquele contra filé duro da Bahia, vou tentar salvar. Cortei em cubos, fritei bem com tempero uma cebola, depois botei a cozinhar por bastante tempo, coloquei uma lata de seleta de legumes, ficou uma delicia, acompanhado com arroz salada e uma cerveja bem gelada, como era uma operação de salvamento fiz toda a carne, que sobrou para o almoço do dia seguinte. À tarde tirei a vela grande guardei em uma das cabines de popa, tirei a capa da vela para levar a Porto Alegre e consertar. À tarde o movimento aumentou aqui no Sitio Forte, tem umas lanchas grandes com Jet, e todos se divertem andando ao redor dos veleiros, que agora somos nove, fazendo aquelas marolas maravilhosas que todo velejador odeia. À noite conversei com a família via Skype, depois vencido pelo cansaço, apaguei na calma enseada do Sitio Forte. 28/11 amanhece, tomo meu café e sigo meu rumo a Marina Bracuy, consigo uma vaga, acerto tudo na administração, recebo a visita do Enio do veleiro Casagrande, que a muito tempo não via. Meio dia ressuscitei a sobra do almoço anterior, que parece ter ficado ainda melhor. Muito calor, a tarde tirei as escotas e o motor de popa, guardei tudo dentro do barco, lavei o convés para tirar o sal da viagem. No final da tarde, fui ao veleiro Casagrande http://www.veleiro.net/veleirocasagrande/tripulacao.htm tomar um cafezinho com o Ênio e a Lú. Voltei para o Barco mantive tudo fechado, pois os pernilongos estavam descontrolados, conversei com a Cleuza por algum tempo via Skype, dedetizei o barco e fui dormir. Quem dorme com este alvoroço de mosquito, eu me tapeando o tempo todo para me livrar das picadas e sinfonia nos meus ouvidos, noite muito longa. Com a noite mal dormida dei uma esticada na cama, acordei às 10 Horas. Botei o Bote na proa e coloquei capa em tudo. Almocei a ultima pizza, e às 15 horas veio a minha condução para me levar ao aeroporto do Rio, Hora de voltar para casa. Em janeiro volto a bordo com a família, e depois retornarei a Porto Alegre, mas este será outro Diário!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

RECIFE A FERNANDO DE NORONHA

Em Recife encontrei muitos amigos de vários estados, também fiz novos amigos, todos os dias tinha algum evento, churrascos, feijoada, rodadas de cerveja, muito papo e trocas de experiência, na realidade a Refeno começa no dia que se chega ao Cabanga Iate Clube. Este ano estava especial, muita gente conhecida. As agradáveis companhia do Paulo Silveira (Veleiro Riacho Doce), Joel (Veleiro Easy Going), Fernando (Veleiro Planeta Água) Nilson (Veleiro Recantu’s) de Jaguarão Ernesto Pires (Veleiro Rebojo), De Tapes Carlos Froner (Veleiro Uranus), e muitos amigos tripulantes, Chicão, nosso ex Comodoro, Tina Clube Náutico de Itapoá, Miguel e Patrícia, Tripulantes do Easy Going do Comandante Joel. Ladislau e Magdalena, Marcelo Lopes, tripulantes do Planeta Água do Comandante Fernando Maciel. Fátima, Rodrigo e Richard, tripulantes do Recantu’s do comandante Nilson. Edgar Oppitz, filho do nosso amigo Emilio, era tripulante do Uranus, do comandante Froner. Fui apresentado para Sergio do veleiro Travessura, eu já conhecia a sua historia pelo Blog Três no Mundo, também estavam seus filhos, Jonas e Carol, consegui obter o livro deles, (O MELHOR ANO DE NOSSAS VIDAS) agora vai fazer parte da Biblioteca de bordo do Entre Pólos. Dia 22/10 chegou minha tripulação, Cleuza, Junior e Tayná. Agora toda família reunida novamente. Alugamos um carro e fomos a Porto Galinhas, na volta nos preparamos para a festa no Cabanga, cerveja suco e frutos do mar. Dia seguinte a tarde fomos a Olinda, o Junior e a Tayná ainda não conheciam, no retorno paramos em um supermercado para fazer as compras que faltavam no Entre Pólos, pois dia seguinte sábado, seria a largada da Regata. À noite eu e o Junior fomos à locadora entregar o carro, movimento intenso no escritório da Localiza, que nos fez esperar na fila por uma hora, comecei a sentir uma dor abdominal desconfortável, que aos poucos foi aumentando, era o efeito da festa no Cabanga, os frutos do mar não me fizeram muito bem. Mais tarde soube que muita gente teve os mesmos problemas. 25/09, dia da regata. Acordei às 5.30 horas, pois teria que sair com maré cheia, as 6.30 saí do Cabanga para fundear em frente ao PIC. Tomei uns remédios e aos poucos a dor foi passando. Ao meio dia fiz a ultima carne que havia trazido de Porto Alegre. Entrecot no forno com molho de alcaparras, arroz e salada. Às 15 horas levantei ancora para começar o procedimento de largada. Largariam cinco baterias marcadas por adesivos coloridos, vermelho, verde, amarelo, azul e preto, nós largaríamos na segunda bateria, adesivo verde. Os barcos têm que passar em fila indiana, desfilar em frente à alegre platéia e a comissão de regata que chama em VHF, cada barco que passa confirmando a presença e o numero de tripulante. Após este procedimento é dado sinal de cinco minutos para a largada. Uma das partes mais gostosa da regata e muito festiva é este chekin. Largamos muito bem em orça meio apertada, conseguimos fazer a bóia de Olinda com um bordo curto. Botei no rumo para Noronha. A velejada geral da regata, mar mexido ondas grandes e descompassadas, de 3 a 4 metros, Vento não muito forte entre 18 e 25 nós, às vezes com Pirajá que chegavam a trinta e poucos nós. Sempre em orça, às vezes folgava dando um ligeiro través, muitos Pirajá, desconforto total. Na roda de leme vinha uma ondinha safada e me molhava, lavando o cokpit. A primeira noite e o dia seguinte mantive todos os panos, mas a cada hora ficava mais desconfortável, principalmente para a Tayná e a Cleuza que no começo da segunda noite começavam a dar sinal de cansaço e com pequenos enjôos. Seguro que estava bem adiantado, pois vinha ouvindo a conversa dos barcos de nossa classe, ouvi também que eles vinham rizados e com pouca genoa, resolvi aliviar os panos para melhorar o conforto a bordo. Grande no segundo rizo genoa 30% enrolada, a velocidade não caiu muito e o conforto melhorou, mais tarde o vento aumentou. Segundo os navegadores que participam todos os anos, está foi à regata com as piores condições de mar. Dos 133 barcos inscritos e confirmados, largaram + ou – 105 chegaram 94. Muita quebra de leme, alguns com problema de mastreação, houve barco desmastreado, a marinha sempre com um bom trabalho de auxilio e salvamento. Acompanhamos pelo VHF o resgate de dois tripulantes que por problemas de saúde, tiveram que ser resgatado pelo barco da Marinha. Na manhã de segunda feira assim que amanheceu, tiramos o rizo e seguimos com tudo em cima. Quando faltava dezoito milhas para cruzar a sapata, ouvi no rádio o veleiro Triunfo chamar a CR avisando que estava a 11 milhas, é estávamos em segundo, ele nos passou! Chamei o João no radio VHF, perguntei como Havia sido a navegada, e o parabenizei, pois ele seria o primeiro na classe aço A. As outras duas Refeno que participei 2005 e 2007, não rizei nem nos Pirajá. 2005 o vento estava mais fraco as ondas menores e mais compassadas, orça Folgada para Través. Em 2007, o vento mais forte ondas compassadas vento de través a três quarto de popa. Após passar a pedra da Sapata, antes da linha de chegada, fomos checar o motor e não pegou, no momento achei que seria calço hidráulico, pois a saída da descarga ficava no bordo que o barco estava sempre adernado, mas depois foi constatado que era bateria. Tenho duas bombas de porão, uma fica ligada a bateria do motor com acionamento manual e automático, geralmente desligo o automático quando estou navegando, deixando só no acionamento manual, esta vez esqueci, e com o mar agitado e o barco balançando muito, ficou ligando e desligando as 44 horas da regata, acabando com a carga da bateria. Avisei via VHF a CR que após cruzar a linha de chegada precisaria de um barco de apoio para auxiliar no fundeio, pois seria muito arriscado tentar chegar no meio de tanto movimento sem motor e sem bateria para o guincho. Quando se chega ao fundeio, o vento fica na cara e no momento estava entre 15 a 20 nós. Cruzamos a linha de chegada as 11.50: horas do dia 27/09 em 44.35.10 Horas, segui velejando para o fundeio, pois o apoio como se esperava iria demorar teria muito a fazer antes de me auxiliar. Chegando perto do local indicado, enrolei a genoa, neste momento estava passando um barco de mergulho com turista, chamei e ele prontamente veio pegar o cabo. O Junior foi para a roda de leme, baixei à grande enquanto eles rebocavam entre os veleiros fundeados para achar um lugar melhor, e assim poder ancorar. Faina estressante, mas com a ajuda de todos foi um sucesso. Fiquei feliz por ter chegado bem, obtido o segundo lugar na classe, principalmente com minha tripulação favorita, minha Família. Sempre que vamos a Noronha, o primeiro objetivo e vencer as 2250 Milhas de Porto Alegre a Recife, isto já é uma vitória, depois chegar bem e curtir Fernando de Noronha, e Claro, se der, chegar em primeiro. Mas com a família, foi o maior premio um sonho realizado, o segundo lugar teve gosto de vitória, foi muito comemorado. Este ano mudaram o fundeio o mar continuava mexido, o barco balançava o tempo todo, para as meninas impossível ficar a bordo, íamos ao barco só para dormir, o bom da historia é que saiamos cedo para curtir Noronha. Na chegada o amigo Baiano Jacó do veleiro Chegado, estava escutando a conversa pelo rádio, e nos ofereceu auxilio, agradecemos pois o barco da operadora de mergulho nos ajudou, mesmo assim o atencioso amigo ainda conseguiu reservar um Bugui. Agora é só alegria. A Cleuza e a Tayná resolveram desembarcar e voltar para Recife de avião, eu e o Junior faríamos o retorno com o barco até o Cabanga. Fomos comprar passagem para as duas, depois ao mirante da baia dos Golfinhos, fomos na mais bela de todas as praias, a do Sancho, descemos a fenda que dá acesso a praia, lá encontramos o Joel, a Maira com as crianças e toda a tripulação do Easy Going. A festa tava animada no lugar do Chimarão, Cerveja e Champanhe. Também a tripulação do Tuareg, de Santa Catarina, entre muitos amigos velejadores. No retorno ao porto almoçamos no restaurante São Jorge, comida simples preço aceitável e bem servido. Encontramos lá a tripulação do Planeta Água, com quem terminamos o dia entre papos piadas e muita gargalhada. No outro dia quarta feira, bem cedo começamos nosso tour pela Ilha, várias praias e lugares maravilhosos. Voltamos mais cedo para o barco, pois teríamos que nos arrumar para a festa, seria a premiação noite de subir ao podiun, prêmios e muita comemoração. Depois da festa no porto, fomos a um restaurante com a tripulação do Planeta Água para continuar a festa. 30/09, quinta feira. Bem cedo saí eu Junior e a Tayná, para mergulhar no navio naufragado no Porto de Santo Antonio. Depois do almoço nos despedimos da Tayná e da Cleuza, pois elas seguiriam de avião para Recife, eu e o Junior iríamos velejando. Às treze horas saímos em uma bela velejada. Mar de almirante praticamente sem onda, vento de traves, entre 12 a 15 nós, quando aumentava chegava a 18, radar ligado, nosso piloto automático (Toni Tornado), levando na ponta dos dedos. Dormimos quase toda a travessia. De manhã por duas horas + ou – tive que motorar, pois o vento se foi. Chegamos ao Cabanga ainda conseguimos maré para entrar, a Cleuza e a Tayná já estavam no clube aproveitando a piscina enquanto nós chegávamos. Agora temos que preparar o barco para deixar em Recife, amanhã dia 03/10, voltaremos a Porto Alegre. Quero agradecer meu filho por esta oportunidade de ter velejado com ele de volta a Recife. Para mim foi uma felicidade muito grande sua companhia, lembrava da sua infância quando ela não saia do meu lado, sempre saindo junto aos finais de semana para velejar, quando o tempo estava meio impróprio, eu dizia a ele. Vamos ficar no clube, pois ta ficando feio para navegar, olhava para seu rosto fazendo beicinho de choro. Agora quem faz beicinho sou eu quando lembro, pois sinto sua falta.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

PORTO BELO A RECIFE

Dia 20/08/2010, saímos as 7 horas de Porto Belo rumo a Ilha Bela. Tinha uma previsão de Sul fraco, mas deu para velejar todo o dia. No fim da tarde o vento se foi, seguimos a motor com grande em cima às vezes dava para velejar. Chegamos ao IC. Ilha Bela às 23 Horas, pedi permissão para uso de uma poita, o marinheiro do clube nos auxiliou. Fomos descansar e cedo saímos rumo a Angra. 22/08, às 8 Horas, nosso rumo Ilha Grande Sitio Forte, sem grandes surpresas chegamos ao Sitio Forte. No dia seguinte a tradicional faina a bordo. Logo chegou de bote o amigo Osmar do veleiro Free Wind. Botamos os assuntos em dia e demos grandes rizadas, como sempre, é um agradável papo do alegre Osmar, infelizmente tivemos a noticia que ele não seguiria este ano para a Refeno, resolveu curtir o a ilha grande este ano. No outro dia fomos ao piratas fazer compras e abastecer o barco, retornamos ao Sitio Forte e retribuímos a visita para o Osmar. 25/08. Saímos do nosso fundeio subimos a Ilha Grande, passamos na lagoa Azul para o Flavio conhecer, almoçamos a bordo no Saco do Céu, a tarde fundeamos na Vila do Abraão para passar a noite e dia seguinte seguir viagem. 26/08 Saímos ás 5 Horas rumo ao Rio De Janeiro. Navegamos cinco milhas, baixou um forte nevoeiro visibilidade zero e ainda escuro, resolvi voltar e esperar, ancorei no Abraãozinho, fizemos o café da manhã, às 7 Horas saímos de novo, mesmo com pouca visibilidade seguimos ao Rio, a visibilidade conforme aproximava a hora do almoço foi melhorando, almoçamos uma pizza, as 15 Horas chegamos na Marina da Gloria. À tarde tivemos a visita do amigo Seiji Sato, e mais dois Gaúchos que estavam a trabalho no Rio. O dia seguinte não poderia ser diferente faina a bordo, temos que preservar este barquinho. Depois da faina saímos Flavio e eu para repor algum item de nossas provisões. A noite embarcou o Seiji para nos acompanhar até Búzios. 28/08 cedo zarpamos nosso rumo Arraial do Cabo, a navegada foi tranqüila as 70 Milhas no motor sem vento uma verdadeira piscina, papo agradável, boa cerveja, menos eu que por estar sob medicação atacava o refrigerante. Antes do anoitecer fundeamos no Arraial do cabo, depois do lanche e muito papo fomos descansar para dia seguinte seguir para Búzios. A noite entrou um forte NE, e com ele fomos a Búzios vento na cara e ondas altas e curtas, um mar realmente desconfortável. Estava um pouco frio, mas eu estava suando, coração disparado, me deitei me sentindo muito mal, nunca mareei, será que é a primeira vez? Já enfrentei mar pior e por vários dias, e nunca tive neste estado. Descobri que era a medicação para dor, lendo a bula vi que poderia dar esta reação, imediatamente suspendi o remédio, prefiro ficar com dor. Depois de vinte poucas milhas larguei ferro na praia dos Ossos, na Armação De Búzios. Ao meio dia fiz um almoço digno daquele lugar, contra filé assado com batatas e salada. Depois de longos papos de Cokpit, chegou à hora do amigo Seiji desembarcar. Agradeço a companhia do Seiji pela parceria, apesar de pouco tempo sei que nasceu uma nova amizade. As minhas previsões não agradavam, o grib mostrava que a frente para subir a Salvador e fazer o Cabo São Tomé, seria no próximo domingo, realmente não queria ficar tanto em Búzios, o fundeio estava mexido um desconforto total, e ainda as dores forte, a idéia era sair de contra vento, pois após o Cabo daria para velejar, mas o vento não baixava de 20 nós aumentando nas rajadas, e eu seguiria em solitário até salvador. Em Rio Grande ajudei a tirar as velas de um veleiro Argentino, que no vento abriu o enrolador, em Porto Belo subi no mastro para reparar um moetão, entre outros esforços inesperados, isto fez com que todo meu tratamento para as dores da coluna, as seções de fisioterapia, tudo foi por água a baixo, só me resta à felicidade de estar a bordo, navegando com a certeza de chegar a tempo em Recife. A semana passou lenta sempre a Bordo e chacoalhando igual a bolacha na boca de velha banguela. Ao meu lado estava o veleiro Argentino Ypake, Ezequiel e sua Família, esposa e três filhos e animais de estimação. Eles vieram da Patagônia, estão com um belo projeto, subindo a costa Brasileira, caribe, vão subir até o Canadá, Que os bons ventos os levem aproados a seus sonhos. Sexta feira dia 3/08, o amigo Flavio Fiala desembarcou, insisti para ele seguir até Salvador, mas ele estava decidido a voltar, obrigado pela parceria de Porto Alegre a Búzios. Sábado fui à cidade comprar algum item em falta na geladeira do Entre Pólos. A noite fui convidado a ir a Bordo do Ypake, grandes papos e trocas de experiências sobre nossa navegadas. 05/09/2010. As sete horas da manha suspendi ancora, em solitário e ainda com vento na cara segui rumando a salvador. A 10 milhas mais ou menos navegadas, Ezequiel do Ypake me chamou no radio avisando que a frente havia entrado em Búzio, ainda tímida com sete nós de vento, mas prevenido sai com grande rizada. A 23 milhas novamente Ezequiel me chama, avisando que o SW entrou com tudo, com rajadas de 42 nós no fundeio de Búzios, lá estava um caos, mesmo assim mantive a grande rizada só recolhi a genoa. Ouvia no radio a conversa do veleiro Punga do amigo Jaime com o Guruça Kat, pela força da entrada da frente estavam arribando a Búzios, iriam esperar um pouco. É a coisa tava feia. Vinte minutos depois entrou forte com uma rajada de + ou – 40 nós e com as ondas altas que estavam de NE, o Entre Pólos pela primeira vez atravessou em uma onda, caiu de traves em uma vaga, uma onda desencontrada tirou a proa do rumo, aproximadamente de quatro metros, o anti jeibe estava regulado para vento mais fraco, não agüentou e deu um jeibe forte, arrebentando a manilha do carrinho da escota da vela grande. Recompus-me do susto e calmamente liguei o motor, aproei o barco ao vento coloquei o cinto de segurança, acionei o piloto, fui ao mastro baixar à vela grande. Levei por uns quinze minutos a motor e no braço para dar uma arejada, logo coloquei no piloto e abri um pouco de genoa, seguindo meu rumo, meio apreensivo para passar o Cabo São Tomé, deu tudo certo, passei às 18 horas pelo Cabo. Grande movimento de navios pela proximidade das plataformas de petróleo. Segui velejando a noite com ventos de 20 a 25 nós, sempre com mar alto. A primeira noite dormi muito pouco, primeiro dia foi só lanche. Naveguei nas primeiras 24 Horas 162 Milhas. 06/08. Segui ate meio dia só de genoa, depois do almoço, carreteiro de charque, subi o grande no segundo rizo, armei a genoa com pau de spi, dando uma bela velejada em asa de pombo. A noite o vento diminuiu, indo para a proa, em seguida parando totalmente. Segui no motor até amanhecer. As 6 horas da manhã o vento entrou, 12 a 15 nós, meu rumo 05 Grau verdadeiro armei os panos e segui velejando em uma orça confortável com tudo em cima, e mar baixo. 07/08. Segundo dia naveguei, 144 Milhas. As 16 horas o vento parou, seguimos no motor em um mar liso, pela proximidade de Abrolhos apareciam as primeiras baleias. Chamei o Radio farol de Abrolhos, pedi a previsão do tempo, nas próximas 24 horas vento de E a NE de 12 a 17 nós. Passei pelo traves de abrolhos as 17 Horas, deixando as ilhas pelo meu Boreste. Em seguida o motor engasgou parou, mudei de tanque para não trocar o filtro àquela hora, naveguei por meia hora e novamente o outro filtro se foi. Troquei um dos filtros, chingando o posto do ultimo abastecimento, pois antes de sair limpei os dois tanques, troquei os dois filtros Racor. Depois de tudo pronto motor funcionando, fiz a faxina, coloquei o filtro sujo com pouco de diesel, em um balde que uso para esta finalidade no cokpit, ao sair no escuro botei o pé no balde virando e sujando tudo, sequei para não escorrer, peguei o chuveiro de popa, lavei todo o piso com água quente. Aproximadamente as vinte uma horas entrou vento, NE 15 a 18 nós, meu rumo 2 grau verdadeiro. Nestas 24 horas, 163 milhas. Meio dia, massa com carne assada, em seguida o vento foi para a proa, meu ponto era no traves de Belmonte. Novamente o filtro que havia trocado entupiu, troquei novamente e segui, este filtro não durou 10 horas. Ao entardecer uma nuvem negra e pesada se formou em cima do Entre Pólos, pelas duvidas e sem vento baixei a vela grande, a nuvem se foi do jeito que chegou e a noite foi tranqüila em um mar liso. Amanheceu, minha quarta 24 horas naveguei 152 milhas. Entrou um ventinho de 6 a 8 nós, subi todos os panos ajudando com motor para chegar de dia, segui meu rumo a Salvador. Mar calmo fiz uma faxina, aproveitei a água quente do boiler lavei porão, paineiros, banheiro, botei minha roupa suja de molho no balde, antes de atracar no CNB, parei no posto flutuante para abastecer, mesmo pedindo auxílio para atracar dizendo que estava em solitário, me ignoraram, com muita má vontade passaram os cabos. Atraquei no píer do CNB, com a ajuda dos funcionários, e meus amigos que estavam lá vieram me dar boas vindas Joel e Maira e as crianças,veleiro Easy Going, Tina veleiro Liberdade, Nilson e Fátima, veleiro Rekantus, muitos do cruzeiro costa leste ainda estavam por lá. De Búzios a Salvador 101 Horas, 621 Milhas. Fiquei em Salvador aguardando melhores condições de tempo, preparando o barco para seguir a Recife, muitos saíram na sesta mas o mar virou e a maioria voltou, foram cinco agradáveis dias com papos de trapiche, encontrando velhos amigos, e fazendo novas amizades. No Sábado Hugo e Catarina e seu filho do veleiro Maruja, Marcos e esposa veleiro Rafale, vieram me buscar para ir a uma pizzaria, também nos acompanhou, Dorival e esposa Catarina, veleiro Luthier, uma agradável confraternização entre amigos. Domingo fizemos um churrasco no espaço do CNB. Segunda feira mais barcos do Costa leste seguiram. Na terça 14/09, saímos rumo a Recife também o Easy Going, entre outros. Até a saída no farol da barra, contra vento forte fazendo barcos a retornar, eu em solitário abri 42 milhas no contra vento calçado no motor, para evitar o movimento e poder dormir. Logo estava velejando em uma orça folgada, o primeiro dia só lanche e frutas. Depois de perder contato WHF com o Joel que fez uma rota mais costeira, falávamos em horários combinado via SSB. Meu rumo me fazia aterrar em um ponto no outro dia, que chegava a 20 milhas da costa, sempre velejando com ventos entre 15 a 20 nós uma maravilha, no traves de Maceió na madrugada, ao passar o movimento de navios, arribei mais, chegando as 16 Horas a 4 milhas da costa. Os amigos Ladislau e Fernando, veleiro Planeta Água, me ligaram preparando apoio para minha chegada no Cabanga. Às 21 Horas cheguei com boa maré e entrei em solitário, procurando as estacas do canal do Cabanga com refletor, tudo perfeito. Atracado a gauchada me chamou para o churrasco. Em 61 Horas, Salvador Recife 401 Milhas e 2185 Milhas desde Porto Alegre. Agora é só esperar a família para o dia da largada da Refeno. A Recepção com os amigos no Cabanga, foi otima, mas isto eu conto na proxima postagem.