quinta-feira, 21 de outubro de 2010

RECIFE A FERNANDO DE NORONHA

Em Recife encontrei muitos amigos de vários estados, também fiz novos amigos, todos os dias tinha algum evento, churrascos, feijoada, rodadas de cerveja, muito papo e trocas de experiência, na realidade a Refeno começa no dia que se chega ao Cabanga Iate Clube. Este ano estava especial, muita gente conhecida. As agradáveis companhia do Paulo Silveira (Veleiro Riacho Doce), Joel (Veleiro Easy Going), Fernando (Veleiro Planeta Água) Nilson (Veleiro Recantu’s) de Jaguarão Ernesto Pires (Veleiro Rebojo), De Tapes Carlos Froner (Veleiro Uranus), e muitos amigos tripulantes, Chicão, nosso ex Comodoro, Tina Clube Náutico de Itapoá, Miguel e Patrícia, Tripulantes do Easy Going do Comandante Joel. Ladislau e Magdalena, Marcelo Lopes, tripulantes do Planeta Água do Comandante Fernando Maciel. Fátima, Rodrigo e Richard, tripulantes do Recantu’s do comandante Nilson. Edgar Oppitz, filho do nosso amigo Emilio, era tripulante do Uranus, do comandante Froner. Fui apresentado para Sergio do veleiro Travessura, eu já conhecia a sua historia pelo Blog Três no Mundo, também estavam seus filhos, Jonas e Carol, consegui obter o livro deles, (O MELHOR ANO DE NOSSAS VIDAS) agora vai fazer parte da Biblioteca de bordo do Entre Pólos. Dia 22/10 chegou minha tripulação, Cleuza, Junior e Tayná. Agora toda família reunida novamente. Alugamos um carro e fomos a Porto Galinhas, na volta nos preparamos para a festa no Cabanga, cerveja suco e frutos do mar. Dia seguinte a tarde fomos a Olinda, o Junior e a Tayná ainda não conheciam, no retorno paramos em um supermercado para fazer as compras que faltavam no Entre Pólos, pois dia seguinte sábado, seria a largada da Regata. À noite eu e o Junior fomos à locadora entregar o carro, movimento intenso no escritório da Localiza, que nos fez esperar na fila por uma hora, comecei a sentir uma dor abdominal desconfortável, que aos poucos foi aumentando, era o efeito da festa no Cabanga, os frutos do mar não me fizeram muito bem. Mais tarde soube que muita gente teve os mesmos problemas. 25/09, dia da regata. Acordei às 5.30 horas, pois teria que sair com maré cheia, as 6.30 saí do Cabanga para fundear em frente ao PIC. Tomei uns remédios e aos poucos a dor foi passando. Ao meio dia fiz a ultima carne que havia trazido de Porto Alegre. Entrecot no forno com molho de alcaparras, arroz e salada. Às 15 horas levantei ancora para começar o procedimento de largada. Largariam cinco baterias marcadas por adesivos coloridos, vermelho, verde, amarelo, azul e preto, nós largaríamos na segunda bateria, adesivo verde. Os barcos têm que passar em fila indiana, desfilar em frente à alegre platéia e a comissão de regata que chama em VHF, cada barco que passa confirmando a presença e o numero de tripulante. Após este procedimento é dado sinal de cinco minutos para a largada. Uma das partes mais gostosa da regata e muito festiva é este chekin. Largamos muito bem em orça meio apertada, conseguimos fazer a bóia de Olinda com um bordo curto. Botei no rumo para Noronha. A velejada geral da regata, mar mexido ondas grandes e descompassadas, de 3 a 4 metros, Vento não muito forte entre 18 e 25 nós, às vezes com Pirajá que chegavam a trinta e poucos nós. Sempre em orça, às vezes folgava dando um ligeiro través, muitos Pirajá, desconforto total. Na roda de leme vinha uma ondinha safada e me molhava, lavando o cokpit. A primeira noite e o dia seguinte mantive todos os panos, mas a cada hora ficava mais desconfortável, principalmente para a Tayná e a Cleuza que no começo da segunda noite começavam a dar sinal de cansaço e com pequenos enjôos. Seguro que estava bem adiantado, pois vinha ouvindo a conversa dos barcos de nossa classe, ouvi também que eles vinham rizados e com pouca genoa, resolvi aliviar os panos para melhorar o conforto a bordo. Grande no segundo rizo genoa 30% enrolada, a velocidade não caiu muito e o conforto melhorou, mais tarde o vento aumentou. Segundo os navegadores que participam todos os anos, está foi à regata com as piores condições de mar. Dos 133 barcos inscritos e confirmados, largaram + ou – 105 chegaram 94. Muita quebra de leme, alguns com problema de mastreação, houve barco desmastreado, a marinha sempre com um bom trabalho de auxilio e salvamento. Acompanhamos pelo VHF o resgate de dois tripulantes que por problemas de saúde, tiveram que ser resgatado pelo barco da Marinha. Na manhã de segunda feira assim que amanheceu, tiramos o rizo e seguimos com tudo em cima. Quando faltava dezoito milhas para cruzar a sapata, ouvi no rádio o veleiro Triunfo chamar a CR avisando que estava a 11 milhas, é estávamos em segundo, ele nos passou! Chamei o João no radio VHF, perguntei como Havia sido a navegada, e o parabenizei, pois ele seria o primeiro na classe aço A. As outras duas Refeno que participei 2005 e 2007, não rizei nem nos Pirajá. 2005 o vento estava mais fraco as ondas menores e mais compassadas, orça Folgada para Través. Em 2007, o vento mais forte ondas compassadas vento de través a três quarto de popa. Após passar a pedra da Sapata, antes da linha de chegada, fomos checar o motor e não pegou, no momento achei que seria calço hidráulico, pois a saída da descarga ficava no bordo que o barco estava sempre adernado, mas depois foi constatado que era bateria. Tenho duas bombas de porão, uma fica ligada a bateria do motor com acionamento manual e automático, geralmente desligo o automático quando estou navegando, deixando só no acionamento manual, esta vez esqueci, e com o mar agitado e o barco balançando muito, ficou ligando e desligando as 44 horas da regata, acabando com a carga da bateria. Avisei via VHF a CR que após cruzar a linha de chegada precisaria de um barco de apoio para auxiliar no fundeio, pois seria muito arriscado tentar chegar no meio de tanto movimento sem motor e sem bateria para o guincho. Quando se chega ao fundeio, o vento fica na cara e no momento estava entre 15 a 20 nós. Cruzamos a linha de chegada as 11.50: horas do dia 27/09 em 44.35.10 Horas, segui velejando para o fundeio, pois o apoio como se esperava iria demorar teria muito a fazer antes de me auxiliar. Chegando perto do local indicado, enrolei a genoa, neste momento estava passando um barco de mergulho com turista, chamei e ele prontamente veio pegar o cabo. O Junior foi para a roda de leme, baixei à grande enquanto eles rebocavam entre os veleiros fundeados para achar um lugar melhor, e assim poder ancorar. Faina estressante, mas com a ajuda de todos foi um sucesso. Fiquei feliz por ter chegado bem, obtido o segundo lugar na classe, principalmente com minha tripulação favorita, minha Família. Sempre que vamos a Noronha, o primeiro objetivo e vencer as 2250 Milhas de Porto Alegre a Recife, isto já é uma vitória, depois chegar bem e curtir Fernando de Noronha, e Claro, se der, chegar em primeiro. Mas com a família, foi o maior premio um sonho realizado, o segundo lugar teve gosto de vitória, foi muito comemorado. Este ano mudaram o fundeio o mar continuava mexido, o barco balançava o tempo todo, para as meninas impossível ficar a bordo, íamos ao barco só para dormir, o bom da historia é que saiamos cedo para curtir Noronha. Na chegada o amigo Baiano Jacó do veleiro Chegado, estava escutando a conversa pelo rádio, e nos ofereceu auxilio, agradecemos pois o barco da operadora de mergulho nos ajudou, mesmo assim o atencioso amigo ainda conseguiu reservar um Bugui. Agora é só alegria. A Cleuza e a Tayná resolveram desembarcar e voltar para Recife de avião, eu e o Junior faríamos o retorno com o barco até o Cabanga. Fomos comprar passagem para as duas, depois ao mirante da baia dos Golfinhos, fomos na mais bela de todas as praias, a do Sancho, descemos a fenda que dá acesso a praia, lá encontramos o Joel, a Maira com as crianças e toda a tripulação do Easy Going. A festa tava animada no lugar do Chimarão, Cerveja e Champanhe. Também a tripulação do Tuareg, de Santa Catarina, entre muitos amigos velejadores. No retorno ao porto almoçamos no restaurante São Jorge, comida simples preço aceitável e bem servido. Encontramos lá a tripulação do Planeta Água, com quem terminamos o dia entre papos piadas e muita gargalhada. No outro dia quarta feira, bem cedo começamos nosso tour pela Ilha, várias praias e lugares maravilhosos. Voltamos mais cedo para o barco, pois teríamos que nos arrumar para a festa, seria a premiação noite de subir ao podiun, prêmios e muita comemoração. Depois da festa no porto, fomos a um restaurante com a tripulação do Planeta Água para continuar a festa. 30/09, quinta feira. Bem cedo saí eu Junior e a Tayná, para mergulhar no navio naufragado no Porto de Santo Antonio. Depois do almoço nos despedimos da Tayná e da Cleuza, pois elas seguiriam de avião para Recife, eu e o Junior iríamos velejando. Às treze horas saímos em uma bela velejada. Mar de almirante praticamente sem onda, vento de traves, entre 12 a 15 nós, quando aumentava chegava a 18, radar ligado, nosso piloto automático (Toni Tornado), levando na ponta dos dedos. Dormimos quase toda a travessia. De manhã por duas horas + ou – tive que motorar, pois o vento se foi. Chegamos ao Cabanga ainda conseguimos maré para entrar, a Cleuza e a Tayná já estavam no clube aproveitando a piscina enquanto nós chegávamos. Agora temos que preparar o barco para deixar em Recife, amanhã dia 03/10, voltaremos a Porto Alegre. Quero agradecer meu filho por esta oportunidade de ter velejado com ele de volta a Recife. Para mim foi uma felicidade muito grande sua companhia, lembrava da sua infância quando ela não saia do meu lado, sempre saindo junto aos finais de semana para velejar, quando o tempo estava meio impróprio, eu dizia a ele. Vamos ficar no clube, pois ta ficando feio para navegar, olhava para seu rosto fazendo beicinho de choro. Agora quem faz beicinho sou eu quando lembro, pois sinto sua falta.