domingo, 15 de novembro de 2009

LISBOA A BARCELONA

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16/06/2008Às 10 horas chega os amigos Andreas Bernauer e seu filho Andre, eles farão parte da tripulação na perna Lisboa Barcelona, a que considerei a mais turística. A expressão estampada em seus rostos de alegria por estar aqui e embarcando no Entre pólos, me deixou tranqüilo e com a certeza que esta parceria iria dar certo. Quantos de nós velejadores sonhamos em ter uma oportunidade destas, navegar por ai longe de nosso quintal. Como ainda era cedo tomamos um café a bordo e saímos para visitar Lisboa. Caminhamos pelas ladeiras da Alfama. Na rua do comercio paramos em um bar para tomar refrigerante, alguém se aproximou de mim era um amigo dos velhos tempos que reside em Comburiu SC, conversamos um pouco e continuamos nosso passeio. É nessas oras que nos lembramos do ditado, mundo pequeno este! Na praça do comercio pegamos um ônibus de turismo de dois andares e continuamos nosso passeio por Lisboa. À noite jantamos em um restaurante na doca de Alcântara, cansado de tanto caminhar voltamos mais cedo ao barco para no dia seguinte continuar nosso passeio.
No dia seguinte, fomos para Cascais, de metrô. Cascais é uma cidade muito bonita, com praias de mar transparente água muito fria, mas está sempre lotada. Inúmeros casarios antigos. Comemos um bacalhau muito bom em um pequeno restaurante com mesas na rua, derramei molho de óleo em minha roupa, o garçom me deu um spray para tirar, funcionou perfeitamente no ato. Tomamos o comboio de volta para a marina, jantamos e fomos dormir cedo.
18 de junho: Ao amanhecer, saímos da marina e entramos motorando no rio Tejo. Logo estávamos no mar azul e transparente, em um belo dia de sol. As vezes não acredito que estou aqui saindo deste rio para ganhar este mar, que só até então havia lido e visto por fotos e filmes. É um sonho tornando realidade. Fomos em direção ao porto de Sines, a 55milhas ao sul, na costa atlântica oeste de Portugal. Acompanhamos a costa de pedra, com altura de uns 150 metros e com muitos faróis, Igrejas e vilarejos. Em alguns trechos havia dunas de areia branca intercalada entre as rochas. Rara paisagem. Estamos com horário de verão. Diferença de 5 horas com o Brasil, dificultando as chamadas via skype com nossas famílias. Amanhece perto das 04h30min e escurece lá pelas 22h00min. Assim, quase sempre velejamos de dia, apesar de perder a navegada com lua cheia. Existem muitas redes de pesca perto da costa, mas nenhuma de superfície, dando mais tranqüilidade para navegar. O mar está calmo, com pouco vento. 6 a 10 nós. Vamos levando com vela e motor. Cruzamos os molhes de Sines perto das 15h00min e entramos na marina. Dois marinheiros estavam nos esperando para ajudar a atracar. Atracamos nos flutuantes e fomos para a sala de recepção, apresentar nossos passaportes, a documentação do barco e apólice do seguro. Nada mais. A maior burocracia de toda a viagem até agora foi à brasileira. Nem a habilitação de Capitão Amador foi apresentada uma vez sequer. A marina está no canto de uma praia limpa e bonita. Em todas as marinas há grandes peixes, e a água transparente e limpa. Como estava cedo e ensolarado, com cerca de 25 graus. Fomos passear a pé pela avenida que beira a praia, subimos as escadarias para a parte alta da cidade. Pequena e bonita. Voltamos para jantar no barco, depois de muito papo de cockpit fomos dormir.
19 de junho: Saímos ao amanhecer rumo a Portimão, na parte sul de Portugal, no Algarve, a aproximadamente 80 milhas. Navegamos em linha reta até o Cabo de São Vicente, onde a costa contorna e o rumo fica Leste. A costa voltou a ser um paredão de rocha alto, com varias construções antigas em cima. Logo depois do cabo, vem a cidade de Sagres, recuada dentro de uma baía de pedras. Neste trecho pudemos velejar com um bom vento de alheta e com uma corrente de um nó ou mais. Ao entardecer, estávamos entrando no rio de Portimão chegando na marina. Atracamos no flutuante externo. Novamente, apresentamos os documentos, pagamos à diária e saímos a pé. Em volta da marina há restaurantes, hotéis, praia, barzinhos um grande comercio com lojas que vendem de tudo de roupas a decorações. No lado oposto do rio, em frente da marina, há um castelo e uma praia com veleiros fundeados uma opção para não pagar marina no nosso caso ficaria dois dias e compensaria ficar na Marina, pois fica mais fácil e seguro deixar o barco só e sair pra conhecer a cidade e as praias do Algarve, lindas uma beleza sem igual.
No dia seguinte fomos conhecer as praias, almoçamos no restaurante de um holandês. Aqui se ouve vários idiomas, turista de todo mundo. Caminhamos na passarela de madeira da praia até o fim, que termina em umas imensas rochas com cavernas em baixo, algumas na água. Um lugar incomparável e inesquecível. Subimos as escadarias para a cidade alta, sobre as bardas de pedra. Cidade moderna com grande comércio. Atendendo aos insistentes pedidos das bolhas nos pés do Andreas e do André, voltamos para o barco. Fizemos um lanche ligamos para a família. Depois do tradicional papo de cockpit fomos dormir.
21 de junho: Saímos às 04h00min da manhã, ainda de noite, com rumo para Cadiz, na Espanha, a 110 milhas. Havia uma forte neblina, com visibilidade de 20 metros ou menos. Radar ligado, Andreas filho atento na tela, avisando o que via. Havia navios e pesqueiros em volta, um clima tenso e estressante. Somente depois da 10h00min, com o sol é que o nevoeiro diminuiu e pudemos andar mais, mantendo a velocidade de cruzeiro sete nós sem vento motorando. Fizemos rumo de aproximadamente 130 graus, direto para Cádiz, nos afastando cerca de 20 milhas da costa. Já era noite quando chegamos ao enorme porto. Motoramos o dia inteiro e ao entrar, tínhamos cerca de 20 nós de vento na cara. A baía do porto é grande, com navios entrando e saindo, a marina é do lado direito e está bem representada na carta do plotter, com bastante precisão. Só as bóias aqui são invertidas, padrão IALA A. Quem VEM do mar deixa bóias encarnadas por bombordo. Estávamos acompanhando os molhes da marina, mas era impossível encontrar a entrada, com vento, no escuro mar mexido pelo vento. Felizmente apareceu um veleiro e entrou por uma brecha de uns 10 metros, entre o muro de concreto e um cais flutuante e fez uma rápida guinada para trás do concreto e sumiu. Era a entrada. Fomos atrás e quase batemos nele, estava manobrando para entrar na vaga que ficava próximo a entrada da marina. Não havia lugar e atracamos num cais flutuante. Subimos uma escada muito alta, logo fomos abordados por uma senhora de uniforme de guarda. Era a vigilante dizendo que não poderíamos parar ai, porque era o cais para abastecer e para emergências. Isso em um espanhol de sotaque rápido, praticamente incompreensível Perguntou qual comprimento do barco. Dissemos que era de 40 pés. Aí complicou... Disse que não teria lugar, era grande demais, não daria para manobrar. Ficamos sem saber o que fazer. Fomos com ela até a recepção. Ela ligou para um cara e disse para esperar. Preenchemos as fichas e documentos, ela nos deu um valor bem salgado para a diária. Depois de um bom tempo, apareceu finalmente um funcionário. Atendeu-nos muito bem e deu um valor bem menor. Aí descobrimos que a vigilante entendeu que o Entre Pólos tinha 40 METROS de comprimento. Descobrimos o mal entedido. Tudo esclarecido nos deram uma vaga muito boa e vencidos pelo cansaço fomos dormir. Dia seguinte, saímos a pé até a cidade antiga, a um quilometro da marina. Vimos que Cádiz é uma baía enorme, com a cidade moderna do lado esquerdo com praias e porto, a cidade antiga fica do lado direito. Passeamos pelas ruas estreitas com casarios antigos uma beleza. Estava tudo vazio porque era domingo. De qualquer modo aqui na Espanha, tudo abre às 09h00min até as 13h30min, torna a abrir as 17h00min, fechando às 20h00min. Caminhamos muito até encontrar um posto de gasolina que tivesse óleo para o cárter do Entre Polos. Voltamos para o barco de táxi. Era cedo e resolvemos trocar o filtro, o óleo e os filtros de diesel. Terminada a faina começou a limpeza, óleo pelo barco inteiro. Para tirar o cheiro de óleo e a gordura dos paineiros, jogue vinagre e passe um pano, fica brilhando e sem cheiro.
No dia seguinte, manobramos para abastecer o barco. Em Portugal o diesel, era 0,28€ mais barato. Feita a faina, fomos de novo para a cidade, passear nas ruazinhas e lojas e fazer compras para o resto da viagem. Paramos para comer na Praça da Catedral, lá tem Internet e bons restaurantes. Depois, fomos para o Carrefour compramos mantimentos, o Andreas comprou uma cafeteira Italiana de inox, um presente para o Entre Pólos, um pratico acessório de cozinha. Com muitas sacolas de compras, voltamos de taxi para a marina. À noite trocamos o rotor da bomba de água salgada, apesar de estar com quase duas mil horas estava em perfeito estado, acho que dava para chegar ao Brasil com ele.
24 de junho: Saímos de Cádiz ao amanhecer, rumo a Gibraltar, aproximadamente 70 milhas. Rumo aproximado de 130 graus vínhamos apreciando a costa da Espanha. Há nesta região muita área de pesca demarcada na carta, e muitos baixios. Apesar de ter sempre mais de três metros desviava e passava ao largo destes baixios. Como o vento estava fraco, continuamos motorando. Haviam algumas lanchas e muitas poitas para pescar, apesar da grande distancia da costa. Não demorou muito, a linha começou a correr. Diminuímos a velocidade e começamos pacientemente a trazer nosso almoço a bordo, tive que cansar o bicho para não perder. Era um atum de uns 6 Kg. Em seguida limpei o peixe na plataforma de popa, limpo e pronto para ser assado, para evitar cheiros desagradáveis a bordo, coloquei em dois sacos plásticos e foi para o freezer. No Caribe achei esta maravilha de 12 volts, funciona que é uma beleza, até sorvete temos a bordo! A maré estava enchendo, a corrente perto do estreito aumenta com a maré. Estávamos a motor sete nós e 9,2 nós de pico. Depois de uma excelente navegada e empurrados pela correnteza, chegamos mais cedo do que o esperado, e de novo com vento na cara na baía de Algeciras. O visual da ponta de Gibraltar à direita, com sua grande montanha rochosa é maravilhoso, é o momento de ver que não estou sonhando, e sim ver um sonho se tornando realidade. A baia toda é um porto gigantesco, com muitos píeres de atracação, navios ancorados, em manobras e atracados. É preciso estar muito atento porque existem ferrys que são enormes catamarãs andando muito, talvez chegue a 50 nós, esta é a impressão os vendo passar rumo à África carregados de carros, cargas e caminhões. A cidade está toda a beira de um cais com marinas esportivas e navios de passageiros, junto com um píer de navios militar. Havia um mega-iate que carregava como brinquedo, um veleiro de mais de 40 pés, colocado sobre o convés, e outro pequeno Iate de mais ou menos 60 pés, tudo um ao lado do outro, também tinha helicóptero a bordo.
A marina estava no fundo da baia, ao lado da pista de pouso do aeroporto. Gibraltar é terra Inglesa aqui se fala o inglês. O cruzamento de barcos logo na entrada foi pela esquerda, com mão inglesa. Ainda não sei se foi barbeiragem ou mão inglesa, mas foi pela esquerda. A marina é limpa e bonita, fomos bem recebidos, em seguida saímos a passear pela cidade. Os carros andam à direita, tudo normal. O centro da cidade tem ruazinhas pequenas e becos com pubs, botecos e restaurantes, Aqui é porto livre. Tudo é free-shop. Mas os preços são os mesmos que em Portugal e Espanha. Voltamos para a marina, pois o Andreas e o filho já estavam com bolhas nos pés de tanto caminhar. À noite preparei a outra parte do Atum asado com cebolas, batatas cozidas e salada. Peixe fresco faz a diferença, ficou uma delicia. É muito estranho ver aviões decolando e pousando a uns 200 metros dos nossos mastros. Fomos conferir andando a pé atravessando a pista de pouso. Tem uma sinaleira para parar o transito quando decola um avião. É uma sensação diferente, atravessar a pé por uma pista de decolagem. Pouco depois da pista, está a alfândega e a fronteira com a Espanha (cidade de La Linea). Aqui há um visual diferente: Se vê três países (Espanha, Inglaterra e Marrocos) e dois continentes (África e Europa), com uma só olhada. Soubemos isso subindo o teleférico até o topo da montanha de pedra. No topo existem muitos macacos convivendo soltos com os turistas. É um show à parte. Mas alimentá-los pode custar uma multa de 500 Libras Esterlinas (1 Libra = 1,50€). A vista sobre a baia é fascinante. Vêem-se muito bem as montanhas da África, a 10 milhas apenas. Voltamos para o barco e conectado a internet, nos comunicamos com a família, jantamos um gostoso carreteiro, e fomos dormir. 26 de junho: Atravessamos o estreito rumo a Ceuta. Está situada sobre uma ponta rochosa no Marrocos, mas pertence à Espanha. Chegamos à marina à tarde. A travessia é de apenas 12 milhas. O Entre Pólos desbrava um novo continente. A cidade é moderna. Tem alguns prédios antigos com arquitetura que lembra os arcos árabes. Muitas calçadas são com cerâmica decorada e brilhante, dando um aspecto limpo e bonito. Como Gibraltar tudo é sem impostos, aqui os preços são melhores que em Gibraltar, mas tem pouca variedade. Para quem volta navegando para o Brasil e quiser encher o barco de combustível para a travessia, convém abastecer diesel em Ceuta. É mais barato que na Europa. Como já passava de meio dia, fomos almoçar um peixe Gallo em um restaurante com decoração náutica. Não era uma Brastemp, mas deu para ficar satisfeito. Atravessamos a cidade rumo ao sul e chegamos às praias, atrás da ponta. Areias escuras e algumas pedras, mas com o intenso azul Mediterrâneo. Praias públicas com boa infra estrutura. Vêem-se algumas mulheres com trajes árabes nas ruas. Tem uma fortificação com um canal de mar cristalino que atravessa até a marina do outro lado. Como ficaríamos pouco tempo, não valeria apena montar o motor no bate, pois no meu retorno com a Cleuza eu passaria por Ceuta e faríamos este passeio. Voltamos para o barco ainda com céu claro. A noite muito barulho fogos, os Espanhóis comemoravam a ida para a final da Eurocopa, contra a Alemanha. Buzinaços até alta madrugada. 27 de junho: Saímos de Ceuta nosso rumo Málaga na Espanha às 07h00min. Tempo bom sol e nada de vento. Motoramos cerca de uma hora, ficamos envolvidos por uma intensa neblina, típica no estreito. É bastante preocupante estar sem visibilidade sabendo do intenso transito de navios. Levantamos as velas, para dar maior visibilidade para os navios, ligamos o radar e ficamos atentos. Ainda não estávamos cruzando a "avenida" dos navios, mas estávamos chegando cada vez mais perto. Felizmente apareceu um vento de 10 nós e com o sol, a neblina levantou. Isto explica porque vimos até pequenos botes infláveis com radar. Não é recomendável fazer este cruzamento do estreito de noite. A neblina pode aparecer do nada e, além disso, nos alertaram sobre embarcações clandestinas fazendo o percurso sem nenhuma luz acesa, o que complica ainda mais a travessia. Nosso percurso era de aproximadamente 60 milhas até Málaga. Ninguém pescando, nenhum barco de pesca, nada! A ressaca do futebol foi grande. Málaga é uma grande baia com o porto ao fundo. No porto há uma marina. Verifiquei no Plotter que havia outra marina no nosso través a cidade parecia bem bonita e grande. Arribamos e entramos na marina. Era a cidade de Benalmádena. Esta cidade se estende pela costa até um rio e continua como Málaga após o rio. Feito a entrada na marina, gente simpática, divertiram-se com as minhas brincadeiras. Saímos para conhecer a cidade, passeamos pela beira das praias, ruas ajardinadas, muitos barzinhos e restaurantes. O sol estava muito forte para nossa longa caminhada, vencidos pelo cansaço paramos em um bar a beira da praia para descansar e tomar um refrigerante. Ao retornar paramos num supermercado para fazer compras de alguns mantimentos, que já estava pouco no paiol do Entre Pólos. Todas as sacolas varias para cada um, tudo carregado na mão até o barco. Compramos lembrança da cidade e notamos que a grande atração era a marina onde estávamos. Descarregamos as compras e resolvemos aproveitar a luz do dia, que ia até as 10h00min da noite. Os dias são longos no verão daqui. Andamos pelas ruas da marina e chegamos a uma parte movimentada da Marina, parece um tipo de Veneza. Muitos prédios de apartamentos com arquitetura estilo Árabe, com vielas, calçadões lojas bares, um Shopping completo. Interessante, apartamento com garagem e píer flutuantes com barcos e mais barcos. A rua beirava estes flutuantes, muita gente circulando e barcos fazendo pequenas excursões de 30 minutos, por € 10,00. Tinha até um junco chinês fazendo excursão. Gente de todo o mundo. Fomos até o fim desta rua interna e chegamos a umas praças lindas, com mais restaurantes e bares. Fomos dormir satisfeito pela escolha de ter arribado para Benalmádena, e eu feliz em saber que voltaria com a Cleuza neste lugar.
28 Junho 2008: Amanheceu com céu claro e bruma seca. Eram 07h00min horas da manhã. Parecia neblina, mas estava seco e o barco não tinha sereno. Saímos sem vento, motorando, A idéia era navegar no Maximo sessenta milhas saindo cedo e parando em alguma marina para pernoitar e conhecer a cidade onde parávamos. Havia poucos barcos nesta área. A costa é montanhosa, com pedras e clima semi-árido. Nada é verde. Encravadas nos pés das montanhas, estão cidades e praias de areia branca. Muitos prédios de apartamentos e inúmeras marinas para conhecer. Tem uma estrutura náutica e turística não deixando nada a desejar. Dá para navegar de dia, Se bater a fome, dá até para parar para comer em um restaurante à beira da praia. Decidimos ir para as ilhas Baleares: Formentera, Ibiza e Majorca. Vamos fazer mais uma parada antes, Talvez Cartagena a aproximadamente 200 Milhas, vamos navegar a noite para termos mais tempo nas Ilhas, pois o tempo do Andreas e do filho estão chegando ao fim. O vento apareceu 15 nós na cara. Continuamos a motor e a vela mestra em cima para mais conforto. Noite muito boa temperatura agradável, ondas pequenas e curtas, como na Lagoa dos Patos, tudo parece vir por encomenda como agente gosta. O Entre Pólos, avançando sem bater nem caturrar. Convés seco em todo o percurso. Ao clarear do dia Contornamos o Cabo das Gatas, de repente o motor parou. Fui verificar o vacômetro, estava alto, indicando um dos dois filtros entupido. Reverti os registros para o outro tanque e seguimos viajem, sem mais problemas. Em Cadiz abrimos as tampas de inspeção e vimos uma gosma pegajosa que parece lama. Algas no diesel. Lavamos os tanques e colocamos um aditivo especial, bactericida, resolvendo o problema temporariamente. 29 de junho: A quatro milhas de Cartagena, preparei um entrecot ao forno com arroz e legumes. Estava gostoso, talvez pela fome parecia um banquete, só aviamos feito lanches durante a noite, e este trio de marinheiros gosta da qualidade e quantidade. As montanhas rochosas e altas, nas cercanias de Cartagena, com castelos em cima, nos da um visual diferente. A entrada do porto fica difícil de visualizar, bem abrigada e escondida. Quando passa no traves de BE do farol nos molhes, que se avista a cidade. Ao passar estes enormes molhes, avistamos em frente o porto comercial, ao lado o porto pesqueiro, e no traves de BB as duas marinas da cidade. Muito bem montada, toda com flutuantes e limpa. Feita a entrada passaportes apresentados, o pessoal da Marina, simpático e prestativo. Lavanderia com maquinas de moedas como em quase todas as marinas, água, luz e internet. Apesar de ser dezoito horas, domingo e tudo fechado, o sol estava alto resolvemos passear e conhecer um pouco da cidade, pois a luz do dia vai ate as 22 Horas. Fizemos um passeio em um ônibus de dois andares, o de cima conversível. Há muitas edificações antigas, Cartagena tem 1000 anos antes de Cristo. Retornamos para o Barco, muita faina, lavar roupa, ajeitar o barco e entrar em contato com a família, aproveitar a internet usando Skype. A internet teria que ser paga, mas com um bom papo ficou de graça. A noite muito barulho, até os navios buzinaram, o povo veio para a rua. A Espanha ganhou da Alemanha, Campeã da Euro copa. 30 de junho. O Andre tinha compromisso em Valencia, para ganharmos tempo fiz uma proposta a eles. Deixaríamos o Barco na marina em Cartagena e iríamos de carro alugado a Valencia, pois seriam duzentos e setenta quilômetros de carro, faríamos isto em um dia. De barco seria mais longe, pois teríamos que desviar, contornando o Cabo de Palos, que aumentaria muito em relação a ir direto para as Baleares, que estavam a cento e trinta milhas de Cartagena. Dia seguinte, alugamos um carro e seguimos para Valença, O visual do percurso até Valença é muito bonito as estradas floridas, região montanhosa, e muitas cidades balneárias á beira do Mediterrâneo, se o tempo não fosse curto teríamos entrado em algumas delas, mas só tínhamos um dia para esta viagem até Valença. Depois do compromisso do André, fomos passear pela cidade conhecemos a marina, as ruas ao redor da marina estava em obra, estão fazendo a pista de rua para sediar o grande premio de Formula 1 de Valença. À tarde retornamos a Cartagena. Paramos em um grande centro de compras, a uns 4 km antes da cidade, com shoppings, restaurantes supermercados, grande rede de lojas, Fizemos nossas compras no Carrefour, e seguimos para a marina. A janta um delicioso arroz com lingüiça, depois do papo de cokpit, cansados fomos dormir. 01 de julho: Fiquei preparando o barco, enquanto o Andreas e o André foram devolver o carro. Perto do meio dia partimos rumo as Baleares, nossa primeira ilha seria a Ilha Formentera, a quarenta e cinco milhas antes de Maiorca e a sete antes de Ibiza. Vento de 10 nós de través, uma bela velejada de saída, mar achatado quase sem onda. Passamos perto de uma bóia de meteorologia assinalada no plotter e nas cartas. Era do tamanho de uma bola de basquete, amarela, com uma antena em cima. Custamos a visualizar, pois parecia ser maior pela sinalização da carta. Velejamos um bom tempo e quando o vento amainava, calçávamos no motor, mantendo seis nós por toda a noite. Tem que prestar atenção no trafego de navios, há “avenidas” assinalada no plotter, é só manter se fora das avenidas que não tem problema, uma barbada. 2 de julho:Noite muito tranqüila, lua 70% cheia, 15 nós de vento, mestra, genoa e trinqueta, 6,5 nós de velocidade. Chegamos às 11:00 horas na ilha Formentera, Chegamos em um fundeio movimentado com vario Barco, veleiros lanchas e Luxuosos Iates, bem perto da cidade. Baixamos o bote e fomos conhecer a Ilha iríamos ficar na ancora, pois os preços das marinas nas Ilhas estavam fora da minha realidade. Tivemos dificuldade para saber onde deixar o bote. Ninguém informava nada, parecíamos invisíveis perto daquele povo. Amarramos perto da rampa de serviço. Coloquei o cabo de aço com cadeado no motor e no bote e fomos passear. O centro é pequeno mais uma vila que uma cidade, Tem poucas lojas, uma náutica. Tem muitas lojas alugando motos, bicicletas e carros. As ruas tudo muito empoeirado, nesta época do ano não chove, os quatro meses que fiquei na Europa quase não vi chuva, principalmente no Mediterrâneo. Estávamos preocupados com o bote e resolvemos voltar para o barco.
3 de julho: Levantamos ferro as 10:00 horas. Saímos rumo a Ibiza, costeando as praias. Um visual incrível, a cor da água se compara com o Caribe, dizem que as Baleares é o Caribe do Mediterrâneo, eu concordo menos com a temperatura da água que é gelada. Do ponto em que estamos fundeados, Ibiza está a 12 milhas de Formentera. A Ilha é comprida, e cinco vezes maior que Fernando de Noronha. Chegamos a Ibiza e fundeamos em um ponto com bastantes barcos, a água é clara o fundo tem uma vegetação alta, um verdadeiro capinzal. Mergulhamos para revisar o fundo e conferir se está tudo bem com leme e hélice. Tudo perfeito só tem um pouco de limo. Água transparente e a temperatura esta suportável. Baixamos o bote e fomos para a praia. Caminhamos um pouco e chegamos a uma Marina e um porto. Lá, pegamos uma lanchinha até o centro. A cidade é muito bonita, muitas praças, o movimento de pessoas circulando é muito grande, turista de todo lado. Depois de um belo passeio pelo centro de Ibiza, retornamos ao Entre Pólos. Resolvemos sair deste fundeio e ir até uma pequena baia entre as montanhas, distante cinco milhas. A entrada lembrava muito Marigot Bay em Santa Lucia no Caribe, parecia protegida para dormir e a previsão é de vento forte para a noite. Entramos a motor entre paredões de pedra bem altos, com mar azul e limpo. No fundo da enseada havia uma praia com hotéis lojas supermercados tudo muito limpo e organizado. Ancoramos entre outros três veleiros. Baixamos o bote e fomos para a praia conhecer o lugar.
4 de julho: A noite foi um tanto preocupante. O vento apertou, nossa popa estava bem perto das pedras, foi muito desconfortável, pois entrava umas ondinhas deixando o barco caturrando. Tomamos café e rumamos para Majorca, a 65 milhas. N a saída o mar estava mexido, motor e vela, vento na cara. Ao distanciar da costa, o mar acalmou. Navegada tranqüila, tempo bom e pouco vento. A cinco milhas navegando o hidráulico do piloto parou de funcionar, levamos no braço até Majorca, lá tentarmos o conserto, deve ser solenóide ou orringue. Chegamos à tarde em Palma de Majorca. Fomos entrando na baia onde está a cidade. É surpreendente o tamanho da cidade e da Marina. Entramos na marina em frente ao calçadão. É enorme e superlotada de barcos a vela e iates. Atracamos no píer de chegada e fomos à recepção dar entrada na marina. Tudo acertado levamos o barco para nossa vaga. Jantamos o restante do atum que pescamos, revisamos o barco e fomos dormir. 5 de julho: Cedo eu e o Andreas fomos para a cidade comprar óleo hidráulico para o piloto, conseguimos em um posto de gasolina. Na volta à marina aproveitamos e passamos em um mercado, muito organizado e sortido, como tínhamos tudo a bordo só compramos pão fresco. A cidade é muito grande e movimentada, nem parece uma Ilha de tão grande, muitos prédios praças e uma orla com muitas lojas e restaurantes. Desmontamos o piloto trocamos o óleo hidráulico, o solenóide estava solto, apertamos tudo, montamos, testamos, aparentemente tudo funcionando. Vamos dar o ultimo passeio para aproveitar mais um pouquinho esta Ilha maravilhosa e tão longe de nossa casa. O calor era insuportável, andar com o sol forte não era nada agradável. Paramos em um restaurante Italiano no calçadão, na beira da orla em frente à marina. Comida boa preço razoável. Nossa diária na Marina estava vencida, antes de vencer outra diária, rumamos a Barcelona. Na saída da Marina o hidráulico do piloto travou, pelo jeito tem mais um problema, o pino do pistão quebrou e travou, arranhando assim todo o cilindro, retiramos o cilindro do quadrante para liberar o leme, e vamos levar as cento e trinta milhas até Barcelona no braço, ou quase. Vento de alheta, não muito forte. Coloquei dois elásticos, um de cada lado da roda de leme. Navegávamos muito tempo dando apenas um ajuste, ajustava com o dedão do pé. Tudo correndo perfeitamente, noite de lua muito bonita, o vento que estava maravilhoso para uma bela velejada, resolveu ficar em Majorca, que inveja, nós temos que seguir. Com motor ajudando, fizemos confortáveis turnos de duas horas, às vezes mais, pois a noite era muito agradável, e com pouco movimento de navios e pesqueiros, até Barcelona. 7 de julho: Ás 14:00 horas, chegávamos ao porto de Barcelona, é enorme. Entramos no porto errado, este é só para navios, e em frente tem uma ponte não passa o mastro. Retornamos, agora no porto certo. Atracamos na marina Port Vell, mas não havia vaga, a recepcionista gentilmente passou radio para o Rial Club Maritimo de Barcelona onde conseguimos vaga. Para entrar na marina temos que esperar a ponte de pedestre que dá acesso ao shopping, abre a cada trinta minutos. Nosso lugar é muito bom, bem na frente da ponte onde podemos assistir o enorme movimento de pedestres, e a entrada e saída de barcos, apesar da sirene que faz um barulho forte e não muito agradável. Fiz um almoço digno da nossa chegada em Barcelona, para comemorar em grande estilo. Carne assada no forno, arroz, batata e salada. Depois do almoço fomos passear em Barcelona, era domingo caminhamos até cansar, tarde da noite voltamos ao barco para dormir, pois o outro dia prometia ser cansativo. Segunda feira, saímos a procura de uma loja náutica. Aqui na Europa tudo tem que encomendar, se vende por catálogo, e a entrega geralmente é vinte quatro horas. Encomendei o cilindro hidráulico do piloto, este vem da frança e vão me entregar na quarta feira de manhã. Aproveitamos o resto do dia para passear, pois o Andreas e o André desembarcam na quarta feira, antes de voltar ao Brasil ainda vão para a Alemanha visitar amigos e parentes, me convidaram para ir com eles, mas infelizmente para mim não dava, teria que consertar o piloto automático e preparar o barco para meu retorno em solitário, pois pretendia levar o barco até a metade do caminho rumo a Gibraltar, e esperar a Cleuza que viria no começo de agosto. Na terça-feira à noite fomos a um restaurante no shopping em frente à marina, seria nosso jantar de despedida.
Agradeço a parceria desta dupla de amigos, pela companhia nestes dias a bordo do Entre Pólos, de Lisboa a Barcelona uma navegada de 23 dias, está perna da viagem que foi o filé da viagem com tripulante.
Abraços ao, Andreas pai e filho. (Velejadores do veleiro CANIBAL )