quarta-feira, 28 de novembro de 2012

SALVADOR A RECIFE E FERNANDO DE NORONHA

CHEGADA A FERNANDO DE NORONHA DEPOIS DE 40 MILHAS ARRASTANDO O MASTRO
Domingo, preparo o barco para a tarde seguir viagem. Convidei o Alípio e a Gil para almoçar no Entre Pólos, em seguida seguiram para Recife. O Fernando chegou as 18:00 H. e as dezoito e vinte soltamos as amarras rumo a Recife.
ALIPIO E GIL
Contornamos o banco Santo Antonio por fora, pois o mar ainda estava muito mexido, colocamos no rumo e seguimos em uma bela velejada com ventos de través a 3/4, grande rizada e genoa toda em cima, para passar a noite com ventos de 15 a 18 nós, navegamos a vela por mais de trinta horas, ganhamos a altura máxima de 37 milhas.

 No través de Maceió começamos a aterrar, toda a viagem com muitos Pirajá que não chegou a ser muito forte apesar da cara feia. Na madrugada o vento torceu mais para a proa dando uma orça apertada com vento muito fraco, ajudamos no motor, mais tarde o vento melhorou voltando para o través fazendo uma bela velejada com muito conforto até a entrada dos molhes de Recife, onde chegamos as 8:30 H. do dia 03/10/2012.

PIER DO EMÍLIO RUSSEL (CABANGA)

Às 9 horas entramos no Cabanga, atracamos o Barco e fomos cumprimentar os amigos, depois de muita conversa, combinamos um churrasco para sábado. Muita faina no Barco, mudamos nosso píer indo para o píer do amigo Emílio que gentilmente nos cedeu à vaga. O churrasco estava maravilhoso, compareceram mais ou menos 20 pessoas.



Domingo teve a tradicional feijoada no Cabanga.


Segunda feira dia 08/10, subiu no mastro um prestador de serviço local que contratei para revisar e apertar todos os parafusos que havia, também regulamos uma cruzeta que estava baixa. Nesta faina constatamos uma pequena fadiga no mastro no encaixe do terminal T, mais ou menos um centímetro de comprimento, achei que era muito pouco para dar problema, e deixei para fazer se aumentasse na volta de Noronha a Salvador.


09/10, terça feira, resolvi subir no mastro e conferir tudo, inclusive a pequena fadiga e achei que não era muito grave e dei por encerrada a revisão no mastro, deixando tudo pronto para o dia da largada.

A tarde chegou a Marta, esposa do Fernando.

Na madrugada de quarta feira dia 10/10 fui ao aeroporto buscar a Cleuza e a Tayná que chegaram de Porto Alegre, a saudade era grande, pois a Tayná eu não via desde a saída de Porto Alegre. Passeamos bastante fomos a Olinda e aproveitamos as estruturas do Cabanga.


Quinta feira a noite teve a festa de abertura, dividimos a mesa com a simpática tripulação do veleiro Bar a Vento, a festa estava animada, foi abrilhantada por uma banda cover dos Beatles, o Bufe também estava muito bom e a empresa Bulevar que organizou tudo, alem de muito competente, nos serviram muito bem.
Sexta feira dia 12, últimos retoques no barco compras no supermercado, tudo pronto para o grande dia. Sábado dia 13/10, dia da largada. Saímos com maré enchendo às 11 horas para frente do PIC, ficamos navegando entre os barcos até a hora da largada. Meio dia largamos, saímos bem vento fraco orça. Contornamos a boia norte e deu orça folgada, colocamos o Genaker o vento apertou, ficamos no Máximo uma hora, pois não estava bom e dava muito solavanco.

À noite o vento ficou mais fraco e orça apertada. 14/10,as seis da manhã teve a chamada da Marinha, para conferir a posição de cada barco, dávamos a latitude e longitude, o Entre Pólos estava bem a frente do outro Barco da categoria. A Marta esposa do Fernando e a Cleuza estavam mareadas, a Tayná estava bem melhor que as ultimas Refenos.
O dia e a noite continuou em orça e vento fraco com alguns pirajás não muito forte. 15/10, nova chamada da marinha, continuávamos bem. As 08h30min, um pirajá modesto com ventos de no Maximo 25 nós, nos acompanhou por uns 15 minutos. Passando um pouco das 09h, veio o inesperado, o vento estava bom para o Entre Pólos que no momento era de 18 nós, eu estava na roda de leme o Fernando dentro do Barco a Cleuza e a Marta no cokpit, quando o mastro veio a baixo, caiu no lado de BB, ficando com um pedaço de 3.70 metros que entortou com o restante dentro da água. Corri para o convés para avaliar a situação, na nossa popa vinha o veleiro JAZZ 4, recolhendo as velas pronto para subir a bordo e nos dar apoio, agradeci e pedi a eles avisarem a marinha via VHF, pois seria praticamente impossível embarcar de um veleiro a outro, devido as ondas e o balanço infernal que o barco fazia sem mastro, e as trombadas que as cruzetas davam contra o costado. Voltei ao cokpit e conversei com a Cleuza ela apesar de pior no mareio me deu forças para trabalhar e tentar salvar, o possível e amenizar o prejuízo, pois felizmente ninguém se feriu.
Eu e o Fernando fomos safar a retranca do mastro, depois de muito esforço conseguimos, olhei para a popa e vi o Navio Rebocador Triunfo da Marinha Brasileira se aproximando, peguei o VHF portátil pedi auxilio para ajudar e tentar por tudo a bordo, e um medico para avaliar a situação da Cleuza e se fosse necessário transferir ela, a Tayná e a Marta para o navio.
Chegou um bote com cinco marinheiros um mergulhava safando cabos e eu e os outros tentávamos incansavelmente trazer o mastro a bordo, o bote voltou ao navio trazendo mais cinco marinheiros e um médico.
A Cleuza e a Tayná foram transferidas para o Navio, a Marta tomou uma injeção e continuou a Bordo, e nós com mais dez marinheiros não conseguimos por o mastro a bordo.
Resolvi rebocar tudo no costado até Fernando de Noronha, o mergulhador da marinha safou todos os cabos e nos certificamos que nada iria atrapalhar o leme e a hélice do barco, às 14 horas seguimos rumo a Noronha agora distante 40 Milhas, pois durante a operação de resgate derivamos duas milhas.
Andando a quatro nós e sendo acompanhado pelo navio da marinha que pacientemente manteve a mesma velocidade. Chegamos a Fernando de Noronha às 23 horas, com a voz engasgada pela emoção, dei a chegada no mirante do Boldró.
Com nossa situação de navegabilidade precária e pelo cansaço fundíamos bem longe dos outros barcos deixando para trocar o fundeio com a luz do dia. O Fernando e a Marta desembarcaram assim que chegamos, pois eles estavam com reserva na pousada. Esquentei a massa que havia sobrado do almoço e coloquei o alarme de ancora, deitei no cokpit, mas foi difícil dormir.
16/10, às cinco horas da manhã levantei baixei o bote e o motor de popa meu velho companheiro, mas o safado não quis pegar, olhei a vela, em ordem com faísca, desmontei o carburador, pois sempre desde novo há oito anos sempre faço eu mesmo as revisões, parto do principio que todos devem entender o básico de nossos motores, pois sempre que dá problemas estamos no mar, ou longe de mecânicos. Montei e nada, já estava com calo de tanto dar corda, desmontei novamente e montei e nada. O Navio Triufo me chamou no radio me convidando para ir a bordo para ver a Cleuza e a Tayná e conhecer o navio, respondi que assim que fizesse o motor funcionar iria a bordo, ele gentilmente mandou o bote da marinha me buscar. As meninas ficaram bem alojadas em uma cabine com banheiro ar condicionadas televisão, uma mordomia, me baseando a noite desconfortável no Entre Pólos, devido à situação que o barco se encontrava e o swell forte da região, A Cleuza ficou cinco horas no soro, pois estava muito debilitada, a Tayná não estava muito ruim, mas devido o balaço frenético do barco também mareou e tomou soro. Fomos convidados pelo comandante a tomar café com eles a bordo, conversamos bastante sobre nossas navegadas, depois batemos fotos ganhamos bonés, recordação do Navio Rebocador Triunfo, e eu dei um DVD que o amigo e tripulante Tau Golin, que me acompanhou na travessia do Atlântico norte editou.
As oito e trinta da manhã já estávamos a bordo do Entre Pólos, quando chegaram nossos amigos Alipio e Gil com o filho Henrique e a namorada Karmel, pedi uma ajuda para melhorar o fundeio indo mais para perto do Porto para facilitar o desembarque. .
Depois para minha surpresa começaram a me ajudar a desmanchar o mastro.


A Cleuza, a Tayná, a Gil, e a Karmel, ao meio dia foram para terra.
 Mais tarde chegou o Augusto filho do Bruno (veleiro IARAMAR) que estava tripulando um belo Beneteau, ofereceu ajuda, nos conseguiu um disco de corte para separarmos o pedaço que quebrou, as quatro da tarde paramos o trabalho deixando marcado para o próximo dia a subida do mastro, com mais dois amigos Miguel e Edson (veleiro ARAM IAÉ) que se ofereceram para ajudar.

Desembarcamos eu o Alipio e o Henrique, encontramos as meninas e fomos a uma pizzaria na vila dos Remédios, La conseguimos locar um Bugre. À noite retornamos ao barco, noite muito desconfortável, o barco balançava muito, agora ainda mais, pois depois que separamos o pedaço que ficava em cima do barco, o mastro amarrado no costado ficou mais livre para bater com o swell.
17/10, novamente acordei cedo e comecei a trabalhar, amarrei uma redução na coluna do gerador eólico e outra no top do mastro, aos poucos fui caçando e conferindo se a coluna do eólico iria aguentar, lentamente ele subindo e a água que estava no interior do mastro foi saindo aliviando o peso. Logo chegou os amigos para ajudar na faina. Colocamos o pau de spi em cima das goleiras amarramos bem e com outra redução e um pouco de força de nós cinco, conseguimos acomodar o mastro em cima do convés.
Liberado da faina sai com a família para poder curtir um dia de Fernando de Noronha, pois foram quase dois dias de trabalho, com a importante ajuda dos amigos Alipio e Henrique. A Cleuza e a Tayná aproveitaram um pouco mais, pois estavam na companhia da Gil e da Karmel. Passamos o resto da manhã e um pedaço da tarde na praia do Sancho, La encontramos a tripulação do veleiro Bar a vento, e novamente ficamos juntos. Almoçamos uma maravilhosa moqueca de camarão no restaurante DU MAR depois retornamos ao barco, pois a noite teria a festa de entrega de prêmios da regata.
A festa estava boa cerveja liberada e salgadinhos, e muitos amigos reunidos, la reencontramos o Fernando e a Marta.
O João Peralta veleiro Triunfo ficou com o primeiro lugar na categoria, na entrega de premio ele fez uma bela homenagem para mim, Obrigado João.
 Depois da festa fomos à tripulação do Entre Pólos, eu a Cleuza a Tayná o Fernando e a Marta, junto com o JP, comandante do veleiro Resgate e o amigo Emilio Russel. 18/10, dia da Cleuza e a Tayná voltar a Porto Alegre, o voo delas sairia às 17 horas. Saímos para visitar a loja do projeto Tamar, e levamos a Gil até a reunião dos comandantes para a regata Noronha Natal, o Alipio e o Henrique ficaram para dar manutenção no barco, no retorno passamos para pegar a Gil. Depois do almoço voltamos ao barco para fazer as malas da Cleuza e da Tayná, levei-as no aeroporto, e encontrei o Fernando que estava lá, pois a Marta também estava retornando.
Voltamos ao Barco eu e o Fernando, marcamos um churrasco com a tripulação do veleiro Bar a vento. Conversei com o Fernando da ideia de fazer um mastro de fortuna para o retorno e assim melhorar o equilíbrio do barco e desempenho, e se tiver algum problema mecânico ter poder de manobra. O churrasco foi maravilhoso, muita cerveja e licor de Porto Belo, o papo seguiu até tarde. 



19/10 sexta feira, novamente acordei cedo às cinco da manhã, estava eufórico, tomei café e subi no convés e comecei a mexer na tralha, o Fernando veio me ajudar, tudo parecia ser fácil as coisa iam encaixando dando certo, parecia que eu já tinha feito aquilo várias vezes, e estava ficando forte. Incrivelmente às 10 horas da manhã estava pronto, tínhamos um mastro de fortuna.
Limpamos o que tinha solto no convés, amarramos o que não dava para por dentro da cabine e por fim encerramos, prontos para zarpar. Desembarcamos fomos na Marinha dar saída, almoçamos e comemoramos com uma boa caipira, pois nossa saída de Noronha seria as 14 Horas.

A Tripulação simpática e alegre do veleiro Bar a vento, com quem tive o prazer de conhecer e conviver por algum tempo, que sejam muito felizes nos seus projetos, em especial ao Alipio e o Henrique que muito me ajudaram, pois sem a ajuda deles a minha vida em Noronha seria mais difícil. Obrigado.

A toda tripulação do Navio Rebocador Triunfo da Marinha Brasileira, que com muita simpatia, educação e competência, nos deu todo apoio necessário, o agradecimento de toda a Família do veleiro Entre Pólos, e todo o meu respeito a estes homens do mar, que fico feliz e orgulhoso em fazer parte.



Em breve nova postagem relatando o retorno do Entre Pólos, de Noronha a Porto Alegre 2350 milhas em 20 dias.