quarta-feira, 24 de junho de 2009

DE FORTALEZA A TRINIDAD ( Caribe)

02/12/2007
Com uma hora de atraso do nosso vôo, chegamos, Fernando “Planeta Água” e eu em Fortaleza para preparar o Entre Pólos para a travessia rumo a Trinidad, minha primeira ilha do Caribe.
Foram cinco dias de peregrinação, documentos, compras, abastecimento (foto abaixo), limpeza, pequenos reparos incluindo no mastro, e a instalação de um rastreador por satélite, para a familia e os amigos acompanhar o barco em tempo real.
Conversamos com outros velejadores buscando informações sobre Trinidad, tivemos ajuda dos velejadores Fred e Beto (veleiro Lula). Ao nosso lado na Marina Park havia um veleiro Espanhol, Antônio e sua companheira, que nos deu importantes informações e também nos cedeu um programa de cartas que eu já conhecia (Maxsea). Sua mulher gentilmente instalou em meu computador. - “Beleza, agora tenho três programas de cartas, vou tentar eleger o melhor”.
Na tarde do dia 6/12 às 16:30 saímos. Tirando a âncora percebi um barulho no hélice, ressonando no casco como se tivesse algo enroscado, poderia ser um cabo, uma corrente, devido ao emaranhado de cabos que tem naquela marina, pois todos fundeiam e amarram a popa no píer flutuante. Dezengrenei o motor e o vento arrastou o barco para cima de outros barcos que nos ajudaram a atracar novamente. O Armando, gerente da Marina, nos deu apoio no píer ajudando na manobra, o marinheiro Mazinho mergulhou para verificar o hélice, mas nada havia de errado. Saímos do mesmo jeito. Iríamos parar na Ilha dos Lençóis Maranhenses e se o barulho continuasse, iríamos tentar o conserto.
Estamos velejando a 38 Horas. Nosso primeiro dia fizemos com a grande rizada, pois apesar do vento ter diminuído, apenas na manhã do dia 7/12 subimos toda vela grande. De dia o vento foi fraco, media 10 nós, e foram só 145 milhas nas primeiras 24h. Armado com grande toda com pau spi, com amuras a BB, vento de alheta.
Na noite voamos baixo. Acho que vai melhorar a nossa marca, e melhorou, fizemos 180 milhas. Às 11 horas do dia 9/12 fundeamos em frente de uma enorme duna na Ilha dos Lençóis no Maranhão, 443 milhas de Fortaleza 63.30 horas, média de 6.7 nós. Acho que aqui também é o paraíso. Resolvi motorar na chegada pois há uma correnteza e queria ver se o barulho do hélice parava, e parou, acho que deve ser o anodo do eixo que soltou.
O lugar é de uma beleza particular inigualável, vale a pena para quem sobe ao Caribe fazer um pit stop. Não se desvia muito e é fácil entrar. Fique sabendo desta ilha acompanhando o site do veleiro Maracatu, com os relatos do Helio Viana na sua passagem por lá em 2006, no catamaran Caca Maumau, e as informações do Harley, insistindo que deveria conhecer o lugar.
Fundeamos entre duas ilhas, a de Lençóis e a Bate Vento, as duas com um pequeno povoado de pescadores. Tem uma pousada na Ilha dos Lençóis, um orelhão em cada Ilha, só o da Bate Vento estava funcionando. Fomos de bote tentar falar com as famílias, eu não conseguí só o Fernando. No outro dia, antes de partir, estávamos sem gasolina para ir até Bate Vento, passou o pescador Nando que nos levou gentilmente por um preço justo até a ilha e nos trouxe de volta, nos dando todas as informações sobre as Ilhas e seus povos.
O fundeio é bem tranqüilo, tem uma forte correnteza com a variação da maré. Fundeamos com cinco metros e em seguida já estava com onze. Assamos uma carne no forno e em seguida, vencidos pelo cansaço. fomos dormir e dormimos uma noite parados sem balançar.
Para quem quiser passar por lá vale a pena, segue nossos pontos todos com profundidade boa, media 5 metros.
LENÇÓIS 1 ( 01. 21,368’S ) ( 044. 52,723’W )LENÇÓIS 2 ( 01. 21,381’S ) ( 044. 53,393’W )LENÇÓIS 3 ( 01. 21,318’S ) ( 044. 53,601’W )LENÇÓIS 4 ( 01. 21,287’S ) ( 044. 53,745’W )LENÇÓIS 5 ( 01. 21,214’S ) ( 044. 53,850’W )LENÇÓIS 6 ( 01. 21,100’S ) ( 044. 53,936’W )LENÇÓIS 7 ( 01. 20,901’S ) ( 044. 53,910’W )FUNDEIO ( 01. 20,208’S ) ( 044. 53,628’W )
Às 9:30 Horas do dia 10/12 saímos rumo a Trinidad, mil trezentas e tantas milhas pra frente. O vento sempre bom 18 a 22 nós ¾ popa. Não tem muito que fazer, o barco anda sozinho, a gastronomia corre solta, sempre estamos comemorando alguma coisa, com cerveja, às vezes lasanha, no almoço carreteiro, arroz com lingüiça, massa com atum e por ai vai. Quando o mar está muito mexido, fizemos pizza ou lanches, muita fruta fora de hora, maçã laranja e banana.
Cruzamos a latitude de zero grau, linha do Equador em 11/12 às 2:30h da madrugada, comemoramos a passagem com um brinde de champanhe e sem vento, no motor (dados no painel ao lado). De manhã o Fernando fez torradas com capuchino, agora são 10 horas e continua sem vento, no motor. Na tarde o vento retorna, na manhã do dia 12/12 entramos em uma corrente favorável em média de 2 nós. Com todos os panos fizemos a nossa melhor singradura, 216 milhas em 24 horas media 9 nós dia 13/12. Costumamos tirar a media às 9:30 horas todos os dias, após conversarmos chegamos a conclusão que foi um pouco irresponsável manter tudo em cima a noite, mas o vento era fraco de 15 a 18 nós.
No dia seguinte, 14/12 no través de Cayene, na hora que eu estava preparando um carreteiro, tivemos que preparar o barco pois fechou o tempo, grande no segundo rizo, genoa enrolada, o mau tempo entrou com muita chuva, o vento era aceitável, no máximo 28 nós nas rajadas, tivemos que ligar o motor pra calçar o barco, durante o temporal pois o vento as vezes rondava para a cara, na fussa. O mar ficou bem crescido com ondas desordenadas, mas o vento se foi ficou entre cinco e oito nós de ¾ de popa mantivemos o motor todo o tempo. A noite outro temporal na mesma intensidade do outro, com muita chuva, descobri que o bimini e o dog não são mais impermeáveis, assim como a minha velha roupa de chuva, que vai ter que ser trocada. Vou impermeabilizar em Trinidad.
Dia 14/12 marcamos 189 milhas 24 horas, o tempo continua fechado com muitas ondas e vento fraco às vezes é preciso motor, a chuva volta de vez em quanto a nos visitar. No traves do Suriname ficamos meio alerta, encontramos muitos pesqueiros e os relatos que tenho desta região não são nada bons. Quando saímos dos Lençóis fiz um ponto em Cayene a 54 milhas da costa, que foi o ponto mais próximo da costa que velejamos, o mais longo chegou a 140 milhas.
15/12 fizemos 187 milhas. O pão acabou, fui fazer alguns pães pois ainda faltam dois ou três dias para Trinidad. Bem na hora que estou preparando os pães, entrou outra pauleira, com chuva forte e mar alto ondas igual um caldeirão, o vento de novo não passou dos 28 nós, depois se manteve entre 18 a 24, vamos velejando rizado com mar mexido todo o tempo.


O pão ficou maravilhoso, fiz três pois só cabem três formas no forno. Este pão, é receita de família chamado pão da Muti. Muti é como chamo minha mãe desde ter aprendido a falar, por ser de origem Alemã. O pão barqueiro, quero dizer, caseiro tem seu valor mesmo feito no meio da pauleira, e tem um prazo de validade muito bom. Para quem quiser experimentar, aí vai a receita do pão da Muti.
Receita para dois pães.
Preparar FermentoUma Colher de Fermento ou um Sache (Fleischmann)Uma Colher de Sopa Rasa de Açúcar.Meia Xícara Água Morna (temperatura Bebe)Duas Colheres de Trigo.Misturar Com a Colher Esperar por 10 Minutos.Preparar o trigoUm Kg de Trigo (Obs. Deixar umas 100 Gramas pra ir misturando)Uma Colher de Sopa Rasa de Sal.Duas colheres de Sopa Rasas de Margarina.Uma Colher de Chá de Vinagre (Obs. Se for inverno Não Precisa)Untar a Forma com Margarina ou azeite e trigo.Aquecer + ou – Duas xícaras de Água temperatura Bebe.Colocar o Fermento e Misturar.Amassar o Pão Com Água Morna Regulando Até dar Liga.Por na Forma Até Dobrar de Volume.Levar ao Forno Por 45 a 60 Minutos a 180 a 200 Graus.Obs.: Para três pães acrescentar 50% dos ingredientes.












Velejamos todo o tempo no meio destas ondas desencontradas, nem nosso terceiro tripulante reclamou, Toni Tornadol “piloto Automático”
À noite, às vezes estrelada, e às vezes passava uma nuvem e desabava uma água para nos sacanear. Foi assim toda a noite. (As vezes damos carona, Foto ao lado).


16/12 fizemos a mesma singradura do dia anterior 187 milhas, um relógio, parece tomada de tempo de corrida de automóvel.
Nossa última noite navegando estamos a menos de 200 milhas, a noite foi horrível uma tempestade atrás da outra, muito trafego de navio muitas plataformas de petróleo, não dormimos nada. Amanheceu, mais chuva e vento. Chegamos na marina em Chaguaramas, Trinidad às 13 horas do dia 17/12 depois de uns cinco temporais.
1774 Milhas em 10 dias e 19.30 Horas, menos 24 Horas parados na Ilha dos Lençóis. Horas navegadas, 235.30 Horas, desde Fortaleza, velocidade media 7.35nós, 85 Horas de motor, 150.30 Horas velejando.
Atracamos no píer da imigração e fomos direto dar entrada, foi difícil, pelo idioma, quando estava preenchendo um monte de papeis olhei o cidadão ao lado, era velejador de Porto Alegre, Tatu, nos deu a maior força com as formalidades e com a marina onde ficamos bem instalados, Marina Crewsinn (Ponte Gourde Chaguaramas Bay). Telefonamos para a família, jantamos no barco e apagamos, vencidos pelo cansaço.
18/12 apesar de ter pago por internet wi-fi, não estou conseguindo conectar vou aguardar, se não funcionar até amanhã vou reclamar na Marina. Fomos passear conhecer a marina comprar passagem para o Fernando, visitar as lojas náuticas e as marinas, no retorno fizemos um lanche e voltamos a imigração para fazer a saída do Fernando e os papeis de embarque da nova tripulação, Cleuza, Junior e Tayná, que chegarão dia 28/12. E a chuva não da trégua dizem que faz quase um mês que não para de chover por aqui.
A noite nos reunimos combinamos um churrasco na churrasqueira da marina, cada um levou alguma coisa cerveja carne salsichão, estávamos entre sete Brasileiros um Holandês e sua companheira da Nova Zelândia. Eu, Fernando, tatu, Marcelo Aaron, Alexandra, Luciano Zin, Igor. Também foi a despedida do Fernando que pela manhã iria voltar para o Brasil.
Agradeço ao Fernando em especial, pela parceria nesta viagem, é um privilegio tê-lo como amigo e tripulante no Entre Pólos.
Aqui os dias na Marina vão se passando com muito trabalho para organizar o barco, pequenos consertos. Agora o bimini e o dog já estão impermeabilizados, desmontei o carburador do motor do dingue, ficou show, troquei filtros e óleo do motor do barco, visitei outros barcos, já fui a todas as lojas náuticas e marinas aqui em Chaguaramas, muitas lojas e muitas marinas, é de doer nos bolsos.
24/12. Hoje é Natal fizemos uma janta no Entre Pólos, assei no forno um entrecot que trouxe do Brasil, o Paulista Helio do veleiro Crapum fez uma massa com molho de camarão, o Gaucho do veleiro Tritom Luciano Zim fez a salada, pra acompanhar um licor de Porto Belo, e muita cerveja.
Próxima perna com a família, TRINIDAD A ST. MARTIN.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

DE SALVADOR A RECIFE NORONHA E FORTALEZA

13 Out 2007 O diário do Entre Pólos.Esta primeira etapa de navegada durou 56 dias. Iniciou em Porto Alegre e terminou em Fortaleza, com 2.902 milhas de pura emoção e prazer, uma navegada compartilhada com a minha esposa e amigos tripulantes do mais alto nível, sem nenhum contratempo nem estresse, como sempre foi nestes longos anos e várias aventuras e sonhos que estão sendo realizados.
O Entre Pólos ficou em Fortaleza. O meu retorno ao Ceará está previsto para 2 de dezembro, para outra etapa, rumo ao Caribe.
Salvador a Recife01/09 - Fomos caminhar por Salvador, visitamos o Bahia Marina, que tem várias lojas, inclusive uma da Regatta. Retornamos perto do meio-dia. Depois de mais um churrasco no Centro Náutico da Bahia, botamos a casa em ordem, ou melhor, o barco; faxina e pequenos reparos.
À noite fomos jantar no Restaurante Amado para comemorar as 800 milhas do Rio a Salvador na companhia dos amigos Sílvio, Marco e Rui. Depois, o Marco e o Sílvio viajariam de madrugada para Porto Alegre.
02/09 - O Rui aproveitou o domingo para visitar uns amigos da Bahia. Passei o dia conversando com outros navegadores, alguns igualmente com o destino da Refeno. Estavam ali, também, vários estrangeiros; alguns de passagem, outros de chegada a Salvador. Com eles sempre se consegue boas informações.
03/09 - Acordei cedo. Fui procurar uma ferragem para comprar brocas, cola, mangueira e um registro para melhorar o respiro dos tanques de combustível.
No retorno, troquei os parafusos do banco de popa que, quando aberto, se transforma em escada, colocando outros mais grossos. Consertei a fechadura da porta de um armário de cozinha, que havia quebrado quando caiu sobre ela uma tabua de churrasco. Fiz um desvio com mangueira e registro para um novo respiro para o abastecimento de diesel. Ficou excelente! O Rui foi para o aeroporto às 11:00. Terminei o meu trabalho aproximadamente às 16:00. Chegou a hora de me arrumar para ir buscar a Cleuza no aeroporto. A saudade era de quem estava 24 dias fora de casa. Depois da peregrinação de 1h40min de ônibus urbano, cheguei no aeroporto às 18:40, praticamente junto com o vôo da Cleuza. Estávamos juntos novamente!
À noite fomos jantar, caminhamos entre as ruas do Pelourinho. Os próximos dias foram de passeios por Salvador; e de compras no supermercado, abastecendo para a próxima viagem. Aproveitamos para ir a Itaparica com a lancha de travessia. Lá descobri que aquele vento que havíamos pegado no dia 31/08, do Morro de São Paulo a Salvador, tinha destruído as pilastras do píer flutuante da Marina de Itaparica. Realmente, o vento era forte.
Retornei com a Cleuza para o Bahia Marina. Passamos pela loja da Regatta, pois precisava repor os fogos pirotécnicos. Tive uma surpresa. O vendedor me entregou uma caixa com um Relógio de antepara e um cartão com o texto: “Amigo Ademir: Para você não se esquecer da dieta da proteína. Bons ventos, dos amigos Silvio, Rui e Marcos.” Já está em um cantinho especial do barco. A semana passou muito rapidamente; tudo que é bom dura pouco; e o que é melhor, dura menos ainda.
07/09 - À tarde levei a Cleuza ao aeroporto. Chegou o momento dela voltar para Porto Alegre. A noite chegou o Nilson e seu filho Rodrigo, do veleiro Rekantu’s, para tripular a perna Salvador a Recife.
08/09 - Fiz a previsão do tempo e decidimos deixar a saída para o próximo dia. Fomos à praia do Farol da Barra. Depois de uns petiscos, sol e cerveja, passamos no supermercado para abastecer o barco. Voltamos ao CNAB. Organizamos o barco. Subi no mastro para trocar os cabos que regula o carda, um sistema instalado no suporte da antena do radar para nivelá-la quando o veleiro navega adernado. À noite fizemos um churrasco, para o qual convidamos o Nelson e a sua esposa (veleiro Salmo 33). Foi uma noite agradável, com bastante assunto. O Nilson, em 2004, tripulou o veleiro do Nelson na Refeno daquele ano. Depois de muita carne, cerveja, licor de Porto Belo, e uma cachaça Cravinho, comprada no Mercado Modelo, fomos dormir, pois deveríamos seguir viagem no dia seguinte.
09/09 - Saímos às 10:30 do CNAB. Quando passamos o forte São Marcelo, apareceu o primeiro Pirajá. E assim foi todo o tempo, um Pirajá atrás do outro. Quando passamos o farol da Barra, as ondas mostraram seu tamanho. O vento era forte e de SE. Vimos duas baleias saltando a uns quinhentos metros do barco. Uma hora de navegada e o barco continuava chacoalhando muito devido as ondas altas e desencontradas pela proximidade da costa. Olhei para o Nilson:- Ih, que cor diferente. Tu tá bem, Nilson?- Tô!Caminhou até a popa e chamou:- Andréééééééééééé!!!E, logo, melhorou. Então, especulamos: Foi a carne? A cerveja? A cachaça Cravinho? O licor de Porto Belo? Não!, concluímos: Foi o cafezinho! Durante a noite teve muita chuva e vento forte, às vezes na cara. Amanheceu com sol e ventos de Sul e SE, entre 15 e 20 nós. Tiro o rizo da vela grande e seguimos voando baixo. Na segunda noite, o vento continuou. Ás vezes aumentava e sempre com ondas altas. Chegamos velejando dentro do cais do porto de Maceió, às 7:00, do dia 11/09. O Entre Pólos navegou 280 milhas de Salvador até Maceió.
11/09 - Após organizar o barco, desembarcamos com o bote e fomos até o clube local de Maceió. O desembarque é ruim, muito lodo na praia; com a maré baixa fica difícil. Passamos o dia pelas praias da cidade de Maceió - Pajussara, Ponta Verde, uma maravilha de praia. À noite trocamos de fundeio. Saímos da âncora e pegamos uma poita do clube. Estávamos muito perto de um pesqueiro. Quando entrava a rajada, a corrente esticava e se aproximava muito. Sábia decisão! À noite, o vento apertou muito. O balanço do barco é provocado por aquelas marolinhas chatas, que entram de través. O fundo é de lodo, repleto de sacos plásticos. Se a âncora pegar plásticos, corre-se o risco de garrear.
13/09 - Saímos às 14:30 e chegamos em Recife às 9:30, do dia 14/09. Fundeamos em frente ao Pernambuco Iate Clube depois de uma bela velejada de 129 milhas. Comemoramos com um bom churrasco a bordo, esperando a maré alta para seguir até o Cabanga Iate Clube. Agora é só esperar o dia da Regata. Até este momento já passaram 2.220 milhas de água embaixo da quilha do Entre Pólos.
REFENO (Regata Recife - Fernando de Noronha) 15/09 - Muita faina a bordo. Tudo foi lavado com água doce. Eu, o Nilson e o Rodrigo fomos ao Porto de Galinhas, praia maravilhosa, com várias piscinas naturais, decoradas com uma incontável flotilha de jangadas de velas coloridas. Tudo se vende na praia, artesanato queijo assado, lagosta, camarão, ostras, sorvetes etc. O transporte de ônibus coletivo pinga-pinga é muito ruim. Levamos 1h40min para percorrer os 60 km do trajeto; e 2h20min para retornar.
16/09 - No Cabanga teve uma feijoada de confraternização muito boa. Encontrei o velejador Paulo Mordente e passamos a tarde de papo.
17/09 - As férias do Nilson e do Rodrigo estão terminando. Desembarcaram e seguiram viagem para João Pessoa e Natal, para aproveitar os últimos dias de férias nestas duas cidades.
No Cabanga tem muitos velejadores; são de todos estados e, muitos, são estrangeiros. Existe muito assunto e os dias passam depressa. A faina continua. Vou deixar tudo pronto até o dia 20, quando chega a Cleuza. Pretendo ir com ela a Porto de Galinhas.
20/09 - À 1:30 chegou a Cleuza. Aluguei um carro no aeroporto para facilitar nosso transporte. Aproveitamos este mesmo dia e fomos a Porto de Galinhas. Passamos o dia na praia. A tarde chegou o Sílvio Almeida (Veleiro Landeco). Começou a festa para os velejadores no Cabanga. Muita comida, bebida, danças regionais na confraternização dos participantes.
21/09 - O Tau Golin chegou às duas da madrugada. O Fernando desembarcou em Recife, mas vem para o Entre Pólos somente no dia da Regata. Ele esta com a família em um hotel. À tarde fomos ao mercado para abastecer o barco para a regata.
22/09 - Finalmente, o dia da largada chegou. Acordamos cedo. Depois do café, ajeitamos tudo para a regata. Enchemos os tanques de água e mais oito galões de vinte litros cada a contra-bordo de BE; um total de 990 litros de água potável. A maré começou a subir. Os vizinhos de box, do catamarã Stradivarius, saíram e ficou mais liberado para a nossa manobra. Saímos do Cabanga em direção ao PIC às 12:30. Fundeamos. Fizemos pizza. Já havíamos feito sanduíches para a viagem. Comemos rapidamente, pois faltavam 20 minutos para as 14:00. Fizemos o chekin passando em frente à platéia. Muita gente para assistir a largada. Uma verdadeira festa! Barco por barco sendo anunciado no alto-falante.
- Veleiro Entre Pólos, do Rio Grande do Sul, do comandante Ademir de Miranda.
Dada a largada, saímos em segundo, meio barco do primeiro. Entretanto, a menos de 200 metros velejando, já ultrapassávamos o veleiro Vadio. Assumimos a frente e lideramos a regata “no geral” por duas horas e meia. Eram cinco pelotões de aproximadamente 20 barcos, que largavam a cada vinte minutos. O último grupo era formado pelos barcos mais rápidos. O catamarã Adrenalina Pura largou neste pelotão. Foi fita azul em todas as Refenos em que participou. Após duas horas e meia na ponta fomos ultrapassados justamente pelo Adrenalina Pura, que, nesta Regata, viria a bater o seu próprio record, fazendo o percurso em 14 horas.
A noite chegou. O vento continuou firme de SE, com força de 18 a 25 nós. Com ele fizemos a melhor singradura da história de quatro anos e meio do Entre Pólos, hoje, com aproximadamente 15.000 milhas: 183 milhas náuticas nas primeiras 24 horas.
A noite foi tranqüila. A Cleuza dormiu bem. Passamos a sanduíches e frutas.
23/09 - O vento seguiu firme. Ao meio-dia fui para a cozinha. Saiu um arroz com lingüiça. Apesar do mar mexido, não sobrou nem um grão na panela. A turma boa de garfo, e sem marear... A noite chegou. Há muito estamos sendo seguidos pelo catamarã Carimbó. Progredindo lentamente, ele conseguiu nos ultrapassar e alinhou com nossa proa. Quando o vento aumentava chegávamos na sua popa; quando diminuía, ele se afastava. Esta situação se repetiu por várias horas, tornando mais divertido o velejo. Em Noronha conversamos com o já conhecido comandante Bené do Carimbó, rindo muito da cena entre um catamarã e um veleiro de aço.
24/09 - A madrugada seguiu tranqüila, com uma tripulação experiente continuando a tomar conta da navegação durante os turnos. Ao clarear avistamos a silhueta de Fernando de Noronha. E, às 7:38, cruzamos a linha de chegada, com o tempo de percurso de 41:08:11, para 304 milhas navegadas. A média de velocidade foi 7.4 nós. Chegamos em primeiro lugar na classe Aço. Em segundo ficou o veleiro Vadio (multichaine 37), com o tempo de 44:26:02; em terceiro, o veleiro Jamaluce II (Bruce Robert 43), com o tempo de 45:26:00. Na classificação geral ficamos em 36 lugar para um total de 64 barcos que chegaram ao arquipélago; 14 desistiram por alguma avaria ou motivo de navegação.
Ao cruzarmos a linha de chegada, a CR nos chamou pelo rádio:
- Veleiro Entre Pólos, aqui CR. Na escuta? Câmbio.
- Entre Pólos, na escuta.
- Bem vindos a Fernando de Noronha. Parabéns pela Regata. Aproveite bem a estadia. Aí gaúcho, então vai ter churrasco hoje?
- Com certeza, e estás convidado!
- Tem prenda aí a bordo, gaúcho?
- Tem a minha. A sua tem que trazer.
- É isso aí, gaúcho. Câmbio.
Ficamos bem fundeados na enseada do Porto de Santo Antônio. Depois da faina, muito papo no cockpit. Ficamos acompanhando a chegada dos outros barcos via rádio VHF. O Fernando foi de bote buscar a Marta e sua filha Vitória para comemorarmos com o já tradicional churrasco a bordo. À tarde mergulhamos e fomos dar um passeio em terra. E assim continuamos nos próximos dias: passeios, mergulhos, papos com os amigos. Alugamos um Bugüi e fomos ver passagem aérea para a Cleuza retornar a Fortaleza. Rodamos quase toda a Ilha, mas o melhor foi o mergulho na praia do Sancho.
27/09 - Noite de festa e entrega de prêmios. A turma do Rio Grande estava lá com vários barcos sendo premiados - o Entre Pólos, o Tech, o Jubarte, o Jamaluce II. Uma turma de peso vindo do Estado mais distante da regata. Foi um festão. Fomos anunciados com muita consideração pelo comodoro do Cabanga, o João Paulo (JP). Fernando de Noronha - Fortaleza29/09 - Deixamos a Cleuza na pousada com o Fernando e a Marta. Ela seguiria no sábado para Fortaleza, para nos encontrarmos no Marina Park.
Saímos rumo a Fortaleza às 17:30. Vela grande rizada, vento de ¾ SE, entre 20 a 25 nós. Toda a noite o vento se manteve o mesmo. Às 4:30 passamos a 4 milhas do Atol das Rocas. Resolvemos não parar. O mar estava muito mexido e era muito cedo para um contato via rádio. E o vento que continuava firme era uma maravilha. Parecia que o barco andava sobre trilhos. Pela manhã resolvi pescar. Menos de uma hora depois de termos lançado a linha fisgamos um atum de aproximadamente 12 kg. Tirei só o filé e, o restante, deixei para a natureza tomar conta. No meio-dia, o filé de atum foi para forno com batatas. Três glutões não conseguiram vencer o filé. Com o que sobrou o Tau fez uma massa com requeijão no outro dia.
A velejada continuou maravilhosa, com vento constante. No entanto, chegou à noite e o vento apertou. O mar ficou maior, com vento de SE, entre 24 a 30 nós. Continuamos com a grande no segundo rizo. Reduzi a genoa em 25%. E continuamos voando baixo. Em todo tempo, as ondas eram de ¾ de popa, possibilitando belas surfadas.
31/09 - Faltando 10 milhas para Fortaleza, uma recepção de golfinhos nos acompanhou por algum tempo. Já estava me comunicando via celular com a Cleuza, que está no hotel. A três milhas da marina vem um marinheiro nos guiar. Não seria preciso, pois, seguindo a lancha da marina, deu certo os pontos que havia colocado no plotter. A preocupação deles tinha motivo. Na véspera, um francês bateu com a bolina em um casco soçobrado. Quebrou internamente a caixa da bolina. Tem um navio encalhado próximo a entrada da marina. Ele está sendo desmanchado. A proa até a linha d’água já não existe. Os restos das cavernas pontiagudas somem com a maré alta. São vistas apenas na maré baixa. E - adivinhe-se! - não existe sinalização.
O Marina Park, onde atracamos, é um hotel com uma pequena marina bem estruturada, com molhes, abrigada de ondas. Entretanto, entra muito vento, como não poderia ser diferente. Em Fortaleza, o vento não pára. O preço de atracagem fica em um nível aceitável, pois é bem tranqüila, tem um gerente gente fina, prestativo e muito falante. Armando é seu nome.
De Fernando de Noronha a Fortaleza foram 374 milhas, em 47:30 horas, uma média de 7.9 nós de velocidade.Agradeço a todos que participaram desde Porto Alegre até Fortaleza. De Porto Alegre a Porto Belo, Daniel,(Veleiro Dom Munõs) Tau Golin, (Veleiro Caingangue) Flávio Fiala (que desembarcou em Rio Grande). De Porto Belo a Angra, João Pedro Wolf,(Veleiro Arcobaleno). De Angra ao Rio naveguei em solitário. Do Rio de Janeiro a Salvador, Silvio,(Veleiro Landeco) Marco,(Veleiro Mark Twain do Veleiros do Sul) Rui,(Veleiro Tatina). De Salvador a Recife, Nilson e o seu filho Rodrigo,(Veleiro Rekantu’s.Tripulação da Regata Recife - Fernando de Noronha, Cleuza, Tau Golin (Veleiro Caigangue) Sílvio Almeida (Veleiro Landeco) Fernando Maciel(Veleiro Planeta Água).De Fernando de Noronha a Fortaleza, Sílvio e Tau Golin.Agora estou em casa com a família, e muito feliz com a realização da viagem. Logicamente, estou cada vez mais contente com este barco maravilhoso chamado Entre Pólos. Como dizem os meus amigos e tripulantes Geib e Meriane: “O Entre Pólos mostrou, mais uma vez, de que aço é feito!”









terça-feira, 16 de junho de 2009

DO RIO DE JANEIRO A SALVADOR

21/8/07
Rio de Janeiro - Salvador
A nova tripulação, constituída de Silvio Almeida, Marco de Jesus e Rui Ketzer, chegou às 10 h. O Silvio trouxe a pá do eólico, acidentada em Ilha Bela. Foram ao supermercado enquanto eu colocava a pá do eólico.
Zarpamos ao meio dia. Saímos com um sudoeste fraco com muitas ondas e aviso de ressaca. O vento continuava fraco e prosseguimos com vela e motor para fazer o Cabo de São Tomé. Neste primeiro dia passamos a frutas e sanduíche e um ou outro Dramin para o Rui e o Marco, para adaptação da nova tripulação a bordo, pois o mar estava muito mexido.
22/8/07
Passamos o São Toméàs 12 h. Saiu a primeira picanha ao forno com creme de leite e salsichão, iniciando a nossa dieta da proteína. O vento continua sudoeste fraco. Às 20h passamos ao través de Vitória do Espírito Santo. Consultamos a previsão do tempo no computador, via Vivo Zap, navegando a cinco milhas da costa. A previsão era de sudoeste fraco. À noite, lanche. Nós fazíamos os turnos em 2 h, dois a dois. O radar no través de Vitória parecia estar com catapora, tamanha era a quantidade de navios chegando e esperando para aportar.
23/8/07
De manhã, o vento continuava fraco, às vezes apertando e permitindo velejar sem motor. Logo cedo começamos a avistar as primeiras baleias. “Temos que aproveitar este vento fraco, de sudeste, mais favorável, para chegarmos a Abrolhos.” O Rui pegou um atum pequeno de aproximadamente um quilo. Meio dia, e o atum já estava no forno, temperado com orégano e limão entre uma onda e outra, acompanhado de batatas e salada de tomate com cebola refogada. Sensacional! O vento aumentou somente durante a noite, quando navegamos apenas com vela. Tivemos que afrouxar o pano para travar o barco, pois queríamos chegar ao amanhecer em Abrolhos.
24/8/07
Chegamos a Abrolhos às 7 h num dia de sol. Do Rio de Janeiro até Abrolhos foram 442,8 milhas navegadas. Fundeamos, tomamos um café, e com muita conversa e papo, admiramos a paisagem especial. Mais tarde, informamos através do rádio os dados da embarcação e do capitão para o Rádio Farol Abrolhos e Ibama Abrolhos: - “Ibama Abrolhos, é Entre Pólos, na escuta, vamos ao canal 12.” - “Entre Pólos vocês estiveram aqui há dois anos. Sejam bem-vindos, eu sou o Mauricio que atendeu vocês na última vez que estiveram aqui. Não preciso nem lembrar que é proibido a caça e a pesca. No mais, sejam bem-vindos e aproveitem a estadia.” Saímos para mergulhar na ponta oeste da Ilha Santa Helena, no canal com Ilha Siriba. Muitos peixes, água limpa, temperatura de 29 graus, muitos corais e tartarugas. Baleias a distância a todo o momento. Duas horas de mergulho e voltamos para o barco. Saiu o primeiro churrasco em Abrolhos, tiras de costelas uruguaias, salsichão e entrecote. Saiu a primeira cervejada a bordo observando as baleias saltando e jorrando seus borrifos de água. À tarde fomos de bote fotografar o pôr-do-sol das Ilhas Santa Helena, Siriba e Redonda. À noite, um café, revemos o DVD da primeira viagem do Entre Pólos na costa brasileira e fomos dormir cedo.
25/8/07
Amanheceu mais um dia de sol em Abrolhos. Após um reforçado café, saímos de bote para rodear as ilhas. Paramos no lado sul da ilha Siriba para mais um mergulho. Tudo fantástico. Ao meio dia voltamos à nossa dieta de proteína, churrasco de entrecote, salsichão e cerveja. À tarde, sessão de fotos entre as Ilhas e do por-do-sol. À noite, papo no cockpit. Marcamos a saída para as 6 hs do dia seguinte.
26/8/07
Acordamos às 5:30hs, café e preparativos. Saímos às 6 hs entre as Ilhas Santa Helena e Siriba (foto ao lado) numa pequena passagem repleta de pedras e corais. Marinheiros atentos na proa alertando para as pedras à frente. Saída muito tensa. Saímos em um contra vento de 12 nós, motor novamente. No caminho mais baleias em todos os lados. Algumas a menos de 50 metros do barco. Meio dia, pizza. À noite somente pequenos lanches e frutas.
27/8/07
Sem parar, mais um dia de sol e contravento. Poucas baleias à vista. Meio dia, novamente pizza. Às 15 hs fundeamos em Ilhéus. Eu e o Rui fomos levar o lixo na avenida via bote. Desembarque horrível devido a rebentação. Tomamos um banho e quase viramos o bote no embarque. Fomos todos ao clube tomar banho e saímos para caminhar ao centro de Ilhéus, pois estávamos a sete dias sem pisar em terra, mas não sete dias sem banho. Em Abrolhos só podíamos desembarcar acompanhados de fiscais do IBAMA, o que não foi do nosso interesse.Jantamos no restaurante Vesúvio, camarão à Nacib, Dourado com legumes e arroz. Umas delícias. Sorvete no caminho de volta ao porto. Caminhada na ida e na volta.
Ao chegar ao clube uma surpresa para os gaúchos: a maré tinha descido 2 metros. Em Porto Alegre não existe maré e no RS, aos 31 graus Sul, ela é fraca. Por sabedoria intuitiva, tinha ancorado aos 4,9 metros de profundidade, na maré alta. Com a maré baixa a profundidade chegou a 2,7 metros. Era lua cheia, o que gera a chamada “maré de lua”, mais forte que as demais. Fomos dormir após o tradicional papo no cockpit.
Cidade simpática. O clube recepcionou-nos muito bem, o restaurante é ótimo e o visual é esplêndido. Porém não tem píer adequado para veleiros, inseguro mesmo para botes. E precisa cuidado com a ancoragem, pois a variação da maré é muito grande e é desprotegido para o vento de nordeste, o mais comum na região.De Abrolhos a Ilhéus, 201 milhas em 33 hs.
28/8/07
Amanheceu em Ilhéus, Sol forte. Eu e o Rui fomos abastecer o barco. 420 litros de água e 100 litros de diesel. Em Ilhéus não tem trapiche, o barco balança de través. A água precisa ser pegada de galão num deck flutuante do clube e o diesel encomenda-se e vem ate o deck flutuante. Enquanto isto, o Silvio e o Marco foram ao supermercado repor o rancho.A sede do clube é muito boa, bons banheiros e ótimo restaurante. Nas duas vezes que estive em Ilhéus fui muito bem recebido. Ao meio dia almoço, banho e às 14 hs rumamos para Camamu. O Vento rondou leste sudeste a 10 nós passando mais tarde para 15 nós, o que proporcionou uma bela velejada até Camamu .
29/8/07
Chegada a Camamu a 1 hora da madrugada. Fomos dormir depois de 65 milhas navegadas. Amanheceu em Camamu. Maré de lua vazando, mais de 2 metros de variação. A correnteza é muito forte, ultrapassando os 2 nós. Após o café saímos de bote para as ilhas Goió e Sapinho, distantes +- ½ milha. Caminhamos entre as casas na ilha Sapinho. Muito simples, mas muito organizado, com papagaios, cachorros e gatos junto com o povo. O tempo está um pouco fechado, cai uma chuva rápida, mas a temperatura continua agradável. Caminhamos ao longo da margem da ilha Sapinho, pela areia e pelo lodo do mangue, observando o ambiente exposto pela maré baixa. Na volta enfrentamos problema com a variação da maré, que encheu. Um pequeno córrego que passamos com um passo na ida tinha 70 cm de profundidade na volta, e trouxe preocupações com as máquinas fotográficas. No momento de embarcar no bote caiu um Pirajá e decidimos tomar uma cerveja e comer uns petiscos em um bar na margem do braço de mar que separa a Ilha Sapinho da Ilha Goió, onde tínhamos amarrado o bote. Muito bem servidos, uma cerveja Bohemia super gelada e ½ kg de agulhas bem fritas, acompanhadas de uma ótima farofa caseira, servidos com muita habilidade pela atenciosa dona do bar.
Voltamos ao Entre Pólos, almoçamos um churrasco pelas 17 hs e conversamos até dormir cedo, pois a partida seria na madrugada do dia seguinte.
30/8/07
Apagando o Isqueiro do badejo
Acordamos às 3:30, levantamos âncora e rumamos para o Morro de São Paulo. Saída da barra com correnteza de maré contra. Passamos a 1,5 milha de 1 plataforma de petróleo próxima à barra de Camamu. Depois passamos por mais 2 plataformas, situadas mais afastadas da costa e por vários pesqueiros muito pequenos, sofrendo muito com o vento sudeste de 15-19 nós. Chegamos a Morro de São Paulo às 11 hs em uma bela navegada de vento de ¾ com vento sudeste de 15-19 nós. Novamente fundeamos com forte correnteza, descemos o bote e fomos para terra. Caminhamos por toda a cidadezinha, que é um espetáculo à parte. Os táxis são carrinhos de mão para o transporte de malas dos turistas e outros tipos de carga. Mulas são usadas para o transporte de cargas mais pesadas. Não existem automóveis, pois a topografia do local e a idade da cidade não permitem. Fomos caminhar pelas Primeira Praia, Segunda Praia e Terceira Praia. Muitas lojas, pousadas, restaurantes. É um local sem igual, para voltar sempre.
No retorno paramos para tomar cerveja acompanhada por um badejo frito, servido pelo simpático garçom Cláudio, que nos informa que o badejo é o peixe mais procurado, sendo pescados exemplares de até 250 kg. Eu disse que no Araçá pesquei um badejo de 100 kg que, ao limpar, tinha um isqueiro aceso no estômago. Cláudio pergunta, desconfiado:
- Isqueiro aceso?
Respondi:
- Tira uns quilos do teu badejo que eu apago o isqueiro. Isto gerou muitas gargalhadas.
Retornamos ao Entre Pólos ao fim da tarde, fazendo um almoço-janta dentro da dieta das proteínas.
No começo da noite estávamos no interior do Entre Pólos digitando o diário de bordo quando ouvimos vozes tensas, muito próximas. Sílvio, que estava na gaiúta de popa, saiu e encontrou um pesqueiro de porte semelhante ao Entre Pólos quase em colisão, com a galhada do arrastão tocando o bordo de bombordo. Empurrra o pesqueiro, que tinha ancorado mal a montante da forte correnteza de maré e garrado lentamente para cima do Entre Pólos. O pesqueiro vai lentamente para a popa do barco e a âncora finalmente unha, debaixo de nós. Muita confusão, com o pesqueiro tentando livrar a âncora e oscilando a poucos metros da nossa popa. Tentou afastar-se soltando mais amarra, o que só firmou a âncora. Depois de muita tensão o pesqueiro finalmente faz a manobra correta: recolheu a amarra até ficar próximo à nossa popa e deu marcha a ré, arrastando a âncora até conseguir recolhe-la.
De Camamu ao Morro de São Paulo foram 42 milhas.
31/8/07
Acordamos em horário normal e zarpamos às 10:30h. Saída sem vento, mas ao abandonarmos a proteção do morro entra um vento de sudeste, começando em 12 nós e crescendo até 25 nós, variando desde ¾ até orça apertada. No começo temos ondas altas, pois estamos em água rasa, de 9 m e as ondas vem de águas profundas, de 1000m. As ondas alcançam 2,5m e a navegada é bastante desconfortável, apesar do belo visual.
Logo que entramos em águas mais profundas, de 30 m, as ondas arredondam e a navegada fica mais fácil. Passamos por vários navios e pelo catamarã motorizado que liga Salvador ao Morro de São Paulo.
A chegada a Salvador é impressionante, pois a cidade tem uma bela vista para quem entra na Baía de Todos os Santos. Passamos por uma pequena flotilha de Laser, chegando ao Centro Náutico da Bahia às 15 hs. Após as providências de atracação devoramos 2 pizzas e subimos para o Pelourinho pelo Elevador Lacerda, para comer um bom soverte na sorveteria situada na saída superior do elevador. Depois demos uma volta pelo Pelourinho, que está muito arrumado e limpo, transmitindo uma sensação de segurança que não sinto em Porto Alegre.
Foram 36 milhas do Morro de São Paulo até Salvador.
De Porto Alegre a Salvador o odômetro do plotter marca 1807 milhas de belas navegadas.Bons ventos a todos e até o próximo diário.