ALIPIO E GIL |
No través de Maceió começamos a aterrar, toda a viagem com muitos Pirajá que não chegou a ser muito forte apesar da cara feia. Na madrugada o vento torceu mais para a proa dando uma orça apertada com vento muito fraco, ajudamos no motor, mais tarde o vento melhorou voltando para o través fazendo uma bela velejada com muito conforto até a entrada dos molhes de Recife, onde chegamos as 8:30 H. do dia 03/10/2012.
PIER DO EMÍLIO RUSSEL (CABANGA) |
Às 9 horas entramos no Cabanga, atracamos o Barco e fomos cumprimentar os amigos, depois de muita conversa, combinamos um churrasco para sábado. Muita faina no Barco, mudamos nosso píer indo para o píer do amigo Emílio que gentilmente nos cedeu à vaga. O churrasco estava maravilhoso, compareceram mais ou menos 20 pessoas.
Domingo teve a tradicional feijoada no Cabanga.
Segunda feira dia 08/10, subiu no mastro um prestador de serviço local que contratei para revisar e apertar todos os parafusos que havia, também regulamos uma cruzeta que estava baixa. Nesta faina constatamos uma pequena fadiga no mastro no encaixe do terminal T, mais ou menos um centímetro de comprimento, achei que era muito pouco para dar problema, e deixei para fazer se aumentasse na volta de Noronha a Salvador.
09/10,
terça feira, resolvi subir no mastro e conferir tudo, inclusive a pequena
fadiga e achei que não era muito grave e dei por encerrada a revisão no mastro,
deixando tudo pronto para o dia da largada.
A
tarde chegou a Marta, esposa do Fernando.
Na
madrugada de quarta feira dia 10/10 fui ao aeroporto buscar a Cleuza e a Tayná
que chegaram de Porto Alegre, a saudade era grande, pois a Tayná eu não via
desde a saída de Porto Alegre. Passeamos
bastante fomos a Olinda e aproveitamos as estruturas do Cabanga.
Quinta
feira a noite teve a festa de abertura, dividimos a mesa com a simpática
tripulação do veleiro Bar a Vento, a festa estava animada, foi abrilhantada por
uma banda cover dos Beatles, o Bufe também estava muito bom e a empresa Bulevar
que organizou tudo, alem de muito competente, nos serviram muito bem.
Sexta
feira dia 12, últimos retoques no barco compras no supermercado, tudo pronto
para o grande dia. Sábado dia 13/10, dia da largada. Saímos com maré enchendo
às 11 horas para frente do PIC, ficamos navegando entre os barcos até a hora da
largada. Meio dia largamos, saímos bem vento fraco orça. Contornamos a boia
norte e deu orça folgada, colocamos o Genaker o vento apertou, ficamos no Máximo
uma hora, pois não estava bom e dava muito solavanco.
À
noite o vento ficou mais fraco e orça apertada. 14/10,as seis da manhã teve a
chamada da Marinha, para conferir a posição de cada barco, dávamos a latitude e
longitude, o Entre Pólos estava bem a frente do outro Barco da categoria. A
Marta esposa do Fernando e a Cleuza estavam mareadas, a Tayná estava bem melhor
que as ultimas Refenos.
O
dia e a noite continuou em orça e vento fraco com alguns pirajás não muito
forte. 15/10, nova chamada da marinha, continuávamos bem. As 08h30min, um
pirajá modesto com ventos de no Maximo 25 nós, nos acompanhou por uns 15
minutos. Passando um pouco das 09h, veio o inesperado, o vento estava bom para
o Entre Pólos que no momento era de 18 nós, eu estava na roda de leme o
Fernando dentro do Barco a Cleuza e a Marta no cokpit, quando o mastro veio a
baixo, caiu no lado de BB, ficando com um pedaço de 3.70 metros que entortou
com o restante dentro da água. Corri
para o convés para avaliar a situação, na nossa popa vinha o veleiro JAZZ 4,
recolhendo as velas pronto para subir a bordo e nos dar apoio, agradeci e pedi
a eles avisarem a marinha via VHF, pois seria praticamente impossível embarcar
de um veleiro a outro, devido as ondas e o balanço infernal que o barco fazia
sem mastro, e as trombadas que as cruzetas davam contra o costado. Voltei ao
cokpit e conversei com a Cleuza ela apesar de pior no mareio me deu forças para
trabalhar e tentar salvar, o possível e amenizar o prejuízo, pois felizmente
ninguém se feriu.
Eu
e o Fernando fomos safar a retranca do mastro, depois de muito esforço
conseguimos, olhei para a popa e vi o Navio Rebocador Triunfo da Marinha
Brasileira se aproximando, peguei o VHF portátil pedi auxilio para ajudar e
tentar por tudo a bordo, e um medico para avaliar a situação da Cleuza e se
fosse necessário transferir ela, a Tayná e a Marta para o navio.
Chegou
um bote com cinco marinheiros um mergulhava safando cabos e eu e os outros
tentávamos incansavelmente trazer o mastro a bordo, o bote voltou ao navio
trazendo mais cinco marinheiros e um médico.
A
Cleuza e a Tayná foram transferidas para o Navio, a Marta tomou uma injeção e
continuou a Bordo, e nós com mais dez marinheiros não conseguimos por o mastro
a bordo.
Resolvi
rebocar tudo no costado até Fernando de Noronha, o mergulhador da marinha safou
todos os cabos e nos certificamos que nada iria atrapalhar o leme e a hélice do
barco, às 14 horas seguimos rumo a Noronha agora distante 40 Milhas, pois
durante a operação de resgate derivamos duas milhas.
Andando
a quatro nós e sendo acompanhado pelo navio da marinha que pacientemente
manteve a mesma velocidade. Chegamos a Fernando de Noronha às 23 horas, com a
voz engasgada pela emoção, dei a chegada no mirante do Boldró.
Com
nossa situação de navegabilidade precária e pelo cansaço fundíamos bem longe
dos outros barcos deixando para trocar o fundeio com a luz do dia. O Fernando e
a Marta desembarcaram assim que chegamos, pois eles estavam com reserva na
pousada. Esquentei a massa que havia sobrado do almoço e coloquei o alarme de
ancora, deitei no cokpit, mas foi difícil dormir.
16/10,
às cinco horas da manhã levantei baixei o bote e o motor de popa meu velho
companheiro, mas o safado não quis pegar, olhei a vela, em ordem com faísca,
desmontei o carburador, pois sempre desde novo há oito anos sempre faço eu
mesmo as revisões, parto do principio que todos devem entender o básico de
nossos motores, pois sempre que dá problemas estamos no mar, ou longe de
mecânicos. Montei e nada, já estava com calo de tanto dar corda, desmontei
novamente e montei e nada. O Navio Triufo me chamou no radio me convidando para
ir a bordo para ver a Cleuza e a Tayná e conhecer o navio, respondi que assim
que fizesse o motor funcionar iria a bordo, ele gentilmente mandou o bote da
marinha me buscar. As meninas ficaram bem alojadas em uma cabine com banheiro
ar condicionadas televisão, uma mordomia, me baseando a noite desconfortável no
Entre Pólos, devido à situação que o barco se encontrava e o swell forte da
região, A Cleuza ficou cinco horas no soro, pois estava muito debilitada, a
Tayná não estava muito ruim, mas devido o balaço frenético do barco também
mareou e tomou soro. Fomos convidados pelo comandante a tomar café com eles a
bordo, conversamos bastante sobre nossas navegadas, depois batemos fotos ganhamos
bonés, recordação do Navio Rebocador Triunfo, e eu dei um DVD que o amigo e
tripulante Tau Golin, que me acompanhou na travessia do Atlântico norte editou.
As
oito e trinta da manhã já estávamos a bordo do Entre Pólos, quando chegaram
nossos amigos Alipio e Gil com o filho Henrique e a namorada Karmel, pedi uma
ajuda para melhorar o fundeio indo mais para perto do Porto para
facilitar o desembarque. .
Depois
para minha surpresa começaram a me ajudar a desmanchar o mastro.
A
Cleuza, a Tayná, a Gil, e a Karmel, ao meio dia foram para terra.
Mais
tarde chegou o Augusto filho do Bruno (veleiro IARAMAR) que estava tripulando
um belo Beneteau, ofereceu ajuda, nos conseguiu um disco de corte para
separarmos o pedaço que quebrou, as quatro da tarde paramos o trabalho deixando
marcado para o próximo dia a subida do mastro, com mais dois amigos Miguel e
Edson (veleiro ARAM IAÉ) que se ofereceram para ajudar.
Desembarcamos
eu o Alipio e o Henrique, encontramos as meninas e fomos a uma pizzaria na vila
dos Remédios, La conseguimos locar um Bugre. À noite retornamos ao barco, noite
muito desconfortável, o barco balançava muito, agora ainda mais, pois depois
que separamos o pedaço que ficava em cima do barco, o mastro amarrado no costado
ficou mais livre para bater com o swell.
17/10,
novamente acordei cedo e comecei a trabalhar, amarrei uma redução na coluna do
gerador eólico e outra no top do mastro, aos poucos fui caçando e conferindo se
a coluna do eólico iria aguentar, lentamente ele subindo e a água que estava no
interior do mastro foi saindo aliviando o peso. Logo chegou os amigos para
ajudar na faina. Colocamos o pau de spi em cima das goleiras amarramos bem e
com outra redução e um pouco de força de nós cinco, conseguimos acomodar o
mastro em cima do convés.
Liberado
da faina sai com a família para poder curtir um dia de Fernando de Noronha,
pois foram quase dois dias de trabalho, com a importante ajuda dos amigos
Alipio e Henrique. A Cleuza e a Tayná aproveitaram um pouco mais, pois estavam
na companhia da Gil e da Karmel. Passamos o resto da manhã e um pedaço da tarde
na praia do Sancho, La encontramos a tripulação do veleiro Bar a vento, e
novamente ficamos juntos. Almoçamos uma maravilhosa moqueca de camarão no
restaurante DU MAR depois retornamos ao barco, pois a noite teria a festa de
entrega de prêmios da regata.
A
festa estava boa cerveja liberada e salgadinhos, e muitos amigos reunidos, la
reencontramos o Fernando e a Marta.
O
João Peralta veleiro Triunfo ficou com o primeiro lugar na categoria, na
entrega de premio ele fez uma bela homenagem para mim, Obrigado João.
Depois
da festa fomos à tripulação do Entre Pólos, eu a Cleuza a Tayná o Fernando e a
Marta, junto com o JP, comandante do veleiro Resgate e o amigo Emilio Russel.
18/10, dia da Cleuza e a Tayná voltar a Porto Alegre, o voo delas sairia às 17
horas. Saímos para visitar a loja do projeto Tamar, e levamos a Gil até a reunião
dos comandantes para a regata Noronha Natal, o Alipio e o Henrique ficaram para
dar manutenção no barco, no retorno passamos para pegar a Gil. Depois do almoço
voltamos ao barco para fazer as malas da Cleuza e da Tayná, levei-as no
aeroporto, e encontrei o Fernando que estava lá, pois a Marta também estava
retornando.
Voltamos
ao Barco eu e o Fernando, marcamos um churrasco com a tripulação do veleiro Bar
a vento. Conversei com o Fernando da ideia de fazer um mastro de fortuna para o
retorno e assim melhorar o equilíbrio do barco e desempenho, e se tiver algum
problema mecânico ter poder de manobra. O churrasco foi maravilhoso, muita
cerveja e licor de Porto Belo, o papo seguiu até tarde.
19/10
sexta feira, novamente acordei cedo às cinco da manhã, estava eufórico, tomei
café e subi no convés e comecei a mexer na tralha, o Fernando veio me ajudar,
tudo parecia ser fácil as coisa iam encaixando dando certo, parecia que eu já
tinha feito aquilo várias vezes, e estava ficando forte. Incrivelmente às 10
horas da manhã estava pronto, tínhamos um mastro de fortuna.
Limpamos
o que tinha solto no convés, amarramos o que não dava para por dentro da cabine
e por fim encerramos, prontos para zarpar. Desembarcamos fomos na Marinha dar
saída, almoçamos e comemoramos com uma boa caipira, pois nossa saída de Noronha
seria as 14 Horas.
A Tripulação
simpática e alegre do veleiro Bar a vento, com quem tive o prazer de conhecer e
conviver por algum tempo, que sejam muito felizes nos seus projetos, em
especial ao Alipio e o Henrique que muito me ajudaram, pois sem a ajuda deles a
minha vida em Noronha seria mais difícil. Obrigado.
A
toda tripulação do Navio Rebocador Triunfo da Marinha Brasileira, que com muita
simpatia, educação e competência, nos deu todo apoio necessário, o
agradecimento de toda a Família do veleiro Entre Pólos, e todo o meu respeito a
estes homens do mar, que fico feliz e orgulhoso em fazer parte.
Em
breve nova postagem relatando o retorno do Entre Pólos, de Noronha a Porto
Alegre 2350 milhas em 20 dias.
Olá Gigante,
ResponderExcluirNão nos conhecemos pessoalmente mas há muito tempo acompanho grande parte de suas viagens e travessias lendo os relatos no blog e assim passei a admira-lo como grande navegador que é.
Fiquei muito triste com o corrido com o Entrepolos na Refeno deste ano e esperava o momento oportuno para manifestar meu apoio, ainda que só por escrito e a distância.
Espero que todos estejam bem e já vi pelos relatos do Fernando que o Entrepolos já ganhou um novo mastro.
Desejo muita saúde e paz a esta tripulação que espero conhecer num futuro próximo e quem sabe correr uma próxima Refeno juntos.
Abraços,
Paulo Ayroza Ribeiro
Veleiro Bepaluhê
M. Engenho - Paraty
Valeu Paulo, obrigado pelo apoio. Já estamos confeccionando um novo mastro, depois do carnaval vamos consertar os arranhões para deixar tudo pronto e novamente navegar, pois velejar é a minha cachaça.
ExcluirTalvez em breve nos veremos subindo a costa do Brasil, ou aqui no sul.
Abraço,Bons ventos.
Gigante
Gigante,
ResponderExcluirGostei muito do seu relato, apesar desse triste contratempo. Parabéns pela determinação.
Bons Ventos!
Mucuripe.
Elson, o que passei do dia 15/10 ate chegar a Porto Alegre com o Barco em 08/11, emocionalmente abalado, uma situação que nos da novas experiências em navegar, mesmo assim não queria no meu currículo este acontecido, graças ao apoio da família e dos amigos tudo deu certo.
ExcluirAbraço
Bons ventos
Gigante
Ola Gigante.
ResponderExcluirMeu nome e Naldes Machado de Oliveira, sou piloto de avião e moro em Nova Andradina MS (bem longe do mar...rsrs).
Eu assisti uma entrevista do Amyr Klink a mais de dez anos e fiquei entusiasmado com a idéia de velejar. O tempo passou, mas não passou o encanto e nem a vontade de realizar o sonho. Então, a poucos meses, resolvi pesquisar sobre o assunto e encontre seu blog. Devo ter lido todas as suas postagens e assistido todos os vídeos do Entre Pólos que existem no Youtube. Eu não sabia que as pessoas relatavam suas vidas a vela com tanta riqueza de detalhes. Foi uma grande surpresa e fez com que os horizontes se abrissem. Ler suas postagens é, de certa forma, como respirar um pouquinho dessa realidade.
Gostaria que você soubesse que um dia vou velejar, demore o tempo que for preciso, e que sempre levarei comigo o respeito e a admiração por duas grandes pessoas que nortearam meu sonho: Amyr Klink e Gigante do extraordinário veleiro Entre Pólos. Obrigado a vocês dois.
Olá Naldes, a muito não entro na seção de comentários, hoje li seu comentário, fiquei feliz com as palavras, e saber que tenha gostado do relato, pois cada vez mais fico incentivado a escrever sobre minhas navegadas. Não importa a distância que você está do mar, pois ele sempre vai estar nos esperando no mesmo lugar, importante um dia navegar e saborear os bons momentos vividos a bordo.
ExcluirAbraços, Bons ventos.
Gigante
Olá Gigante , boa tarde, a um bom tempo venho acompanhando as suas aventuras e ficando cada vez mais fascinado por este mundo da vela, tenho alguma espero envia no mar pois navego desde muleque tendo tirado minha habilitação como veleiro as 14 anos que virava arrais amador aos 16, já tive hobby cat e laser mas na maior parte da minha vida tive barco a motor não tendo nenhuma experiência em veleiros maiores, moro em São Paulo capital, mas vou sempre POA pois a fa.iloa da minha esposa mora aí, já sou um grande admirador da costela e do carreteiro que se faz com a sobra do churrasco rssssss. Adoraria poder conhece - lo e trocar experiências mesmo sabendo que tenho mais a aprender do que a ensinar mas o que se leva dessa vida são os amigos que se faz é os bons momentos. Caso precise de algo de SP estou a disposição e meu e mail de contato é marcelpascoal@bol.com.br. Obrigado pela atenção e por in enviar cada vez mais os nosso sonhos.
ResponderExcluirHá, qual é o modelo do entre polos pois estou vendo alguns veleiros de cruzeiro para amadurecer uma futura compra, mas como disse anteriormente no mundo da vela tenho pouca experiência e o que vc acha do main 35